O imprevisível 2018 PD49 | Page 54

Quem sabe faz a hora Priscila Cruz; Rafael Parente É crescente o sentimento de estarmos caminhando para um esvaziamento político, de rareamento de candidatos viáveis para 2018 e fragilidade da governabilidade. Novos no­mes não garantem a tão necessária nova política, ou a reconstrução do país. Mas não sairemos do lugar se continuarmos fazendo as mesmas coisas com as mesmas pessoas. É difícil imaginar que as lideranças políticas que estão no comando há décadas sejam capazes de agir de modo diferente, de promover políticas pú­blicas para a instituição de uma democracia parti­cipativa, um Estado empreendedor ou um gover­no digital. Na contramão de mais abertura e trans­parência, há a tentativa de construir muros na re­forma política discutida recentemente no Congresso Nacio­nal que impeçam a participação da nova geração, com a defesa de cláusulas de barreira que privile­g iam os grupos atuais e o voto em lista fechada. Como em outras áreas, a inovação começa na periferia do sistema, cresce e amadurece em dire­ção ao centro. No caso, ao centro do poder. Já é possível ver movimentações crescentes da juven­t ude brasileira que quer pensar o país e participar da polí- tica. São estudantes do ensino médio, ati­v istas, empreendedores sociais, lideranças em áreas como segurança pública, meio ambiente, educação, de 20, 30, 40 anos. A maioria está do la­do de fora dos partidos políticos e tem difi- culdade para se inserir na lógica partidária atual, uma vez que a governança é mal implementada (por isso, movimentos a favor das prévias, como o Quero Prévias) e há pouco diálogo interno para a cons­trução de princípios, diretrizes e projetos (por isso, movimentos que buscam ampliar o diálogo e re­jeitam as polariza- ções paralisantes, como o #Vem­P raRoda). Alguns nomes da renovação querem entrar na política nacional, mas como candidatos independentes (como os da Bancada Ativista), porque não se sentem representados pelos parti­dos, e outros estão se articulando para estabelecer novas estratégias de entrada cole- tiva na política, partidária ou não, como o Agora! e o Acredito. 52