Quem sabe faz a hora
Priscila Cruz; Rafael Parente
É
crescente o sentimento de estarmos caminhando para um
esvaziamento político, de rareamento de candidatos viáveis
para 2018 e fragilidade da governabilidade. Novos nomes
não garantem a tão necessária nova política, ou a reconstrução
do país. Mas não sairemos do lugar se continuarmos fazendo as
mesmas coisas com as mesmas pessoas.
É difícil imaginar que as lideranças políticas que estão no
comando há décadas sejam capazes de agir de modo diferente, de
promover políticas públicas para a instituição de uma democracia
participativa, um Estado empreendedor ou um governo digital. Na
contramão de mais abertura e transparência, há a tentativa de
construir muros na reforma política discutida recentemente no
Congresso Nacional que impeçam a participação da nova geração,
com a defesa de cláusulas de barreira que privileg iam os grupos
atuais e o voto em lista fechada.
Como em outras áreas, a inovação começa na periferia do
sistema, cresce e amadurece em direção ao centro. No caso, ao
centro do poder. Já é possível ver movimentações crescentes da
juvent ude brasileira que quer pensar o país e participar da polí-
tica. São estudantes do ensino médio, ativ istas, empreendedores
sociais, lideranças em áreas como segurança pública, meio
ambiente, educação, de 20, 30, 40 anos.
A maioria está do lado de fora dos partidos políticos e tem difi-
culdade para se inserir na lógica partidária atual, uma vez que a
governança é mal implementada (por isso, movimentos a favor
das prévias, como o Quero Prévias) e há pouco diálogo interno
para a construção de princípios, diretrizes e projetos (por isso,
movimentos que buscam ampliar o diálogo e rejeitam as polariza-
ções paralisantes, como o #VemP raRoda).
Alguns nomes da renovação querem entrar na política nacional,
mas como candidatos independentes (como os da Bancada Ativista),
porque não se sentem representados pelos partidos, e outros estão
se articulando para estabelecer novas estratégias de entrada cole-
tiva na política, partidária ou não, como o Agora! e o Acredito.
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