O imprevisível 2018 PD49 | Page 47

Encontro marcado com a Previdência
Leonardo Cavalcanti

Nas entranhas da economia , o macroambiente de negócios inclui pelo menos seis variáveis : sociais , ecológicas , legais , tecnológicas , políticas e demográficas . De forma geral , se fosse possível estabelecer um ranking , os especialistas acreditam que o último desses fatores seja o mais emblemático para um crescimento sustentável , pois trata do tamanho da população , da taxa de natalidade , da distribuição de renda , da expectativa de vida e do Índice de Desenvolvimento Humano ( IDH ).

Tudo junto é capaz de influir positivamente ou não no futuro de país . Na prática , isto significa que análises demográficas seriam mais importantes do que as avaliações sobre as taxas de inflação e os juros , as balanças comercial e de pagamentos , o emprego , a renda e a infraestrutura . Reforço : é impossível isolar hierarquicamente tais coisas , mas aqui trataremos tudo isso num livre exercício de riscos e cenários , antes que alguém se sinta estimulado a começar a atirar pedras .
A demografia superaria , assim , nesse ranking fictício , leis tributárias e trabalhistas , resultados eleitorais e impactos tecnológicos . A análise de cenários e riscos , portanto , deveria levar em conta o crescimento ou a queda na população . Isso tem a ver com a atual política brasileira , principalmente às vésperas da votação da reforma da Previdência . Nos estudos das tendências estruturais , há a previsão de envelhecimento da população e a queda da taxa de natalidade nos países de Terceiro Mundo . Mais uma vez , tais coisas são mais fortes do que as revoluções tecnológicas e até mesmo aspectos ambientais – como , por exemplo , a escassez de água –, por mais fortes que tais comparações possam parecer .
Quanto mais o país demorar a encarar a reforma da Previdência , pior para os brasileiros , algo que só se complicará para as próximas gerações . E aqui os sindicatos de servidores públicos e de trabalhadores da iniciativa privada terão de ser cobrados no futuro pelos atos irresponsáveis de não defenderem o debate efetivo . E tal cobrança será feita pelos filhos e netos , pois serão eles os mais prejudicados com ausência de mudanças na legislação .
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