O rumo
Ao lado da criação de um sentimento de coesão, o próximo
governo deve definir um rumo para as próximas décadas, sintoni-
zado com o futuro das transformações em marcha no mundo,
procurando:
a. Superar o quadro de pobreza por meio de aumento na
produtividade média da economia, graças à educação de quali-
dade; e distribuir a renda, graças à oferta de educação de base
com qualidade para todos, independentemente da condição da
família. Para isso, implantar um sistema nacional de educação
nas cidades que não tenham condições de oferecer educação de
qualidade para suas crianças.
b. Assumir compromisso com a ideia contemporânea de que o
papel de toda economia é ser eficiente. É possível ter economias
eficientes com sociedades injustas, mas não há sociedades justas
com economias ineficientes. A justiça social se faz por decisões
políticas para definir as prioridades no uso dos recursos, criados
pela economia eficiente.
c. Comprometer os governos com o interesse da coletividade, por
meio das permanentes parcerias estatal-privadas vinculadas ao
bem-estar da população e à eficiência da economia e da sociedade.
d. Considerar como prioritária a luta contra todas as formas
de corrupção, sejam relacionadas ao comportamento de políticos
e servidores de governos, bem como a corrupção nas prioridades
e a corrupção dos desperdícios no uso dos recursos públicos.
A definição de prioridade não sendo apenas uma questão política,
mas também ética; tanto quanto a boa gestão deve ser não apenas
uma questão técnica, como também ética.
e. Entender que, no tempo da economia e da sociedade do
conhecimento, a eficiência e a justiça são conquistadas pela
educação, a ciência e a tecnologia.
f. Construir um Sistema Nacional do Conhecimento e da
Inovação que alavanque o progresso econômico e social ao mobi-
lizar universidades, instituições de pesquisa e empresários,
levando o Brasil a ser um celeiro de conhecimento, nos padrões
das sociedades mais modernas.
g. Levar adiante todas as reformas necessárias para desamar-
rar o Brasil, permitindo ao país marchar para o uso pleno de seus
recursos: desamarrando as forças intelectuais, pela educação; as
30
Cristovam Buarque