A defesa intransigente da democracia
entre os comunistas
A defesa intransigente
da democracia entre os comunistas
de Portugal e do Brasil
Gastão Rúbio de Sá Weyne
O
presente trabalho busca mostrar e analisar os princí-
pios democráticos defendidos pelo Partido Comunista
Português (PCP), e pelo Partido Popular Socialista
(PPS), sucessor do antigo Partido Comunista Brasileiro (PCB),
o chamado “Partidão”. Estes dois partidos atuais de nações
irmãs evidenciam relevantes pontos de convergências históricas
e ideológicas: o PCP foi criado em 1921, e o antigo PCB, um ano
depois. Veja-se que, enquanto o PCP fundamenta sua defesa no
chamado centralismo democrático, o PPS alicerça seus argu-
mentos na denominada radicalidade democrática, objetos da
abordagem aqui apresentada.
Deve-se ressaltar ser de domínio público que as correntes
antigas e também as contemporâneas do pensamento comunista
expressam claramente sua aproximação com ideias democráticas
(democracia, do grego, demokratia: governo pelo povo). Segundo
Blackburn (1997, p. 92): “No pensamento grego, democracia é o
governo pelo povo em geral que contrasta com o governo pelos
ricos e aristocratas”.
Deve ser enfatizado que, na busca de aproximação com a
democracia, os comunistas portugueses (do PCP), defendem o
centralismo democrático, alicerçado na tradição de Lênin, que
continua a ser a principal ou talvez a única base possível para
partidos revolucionários e para a Internacional revolucionária.
Para o centralismo democrático ser mantido, deve ser baseado
em um programa revolucionário que defina a estratégia e as táti-
cas da organização, através do qual a liderança pode ser respon-
sabilizada. Por aplicação disciplinada da política e revisão demo-
crática, para desenvolvimento do programa, a organização de
centralização democrática do partido maximiza a sua própria
eficácia e integra sua experiência coletiva da luta de classes. Por
este meio, os erros podem ser corrigidos, novas experiências
serem assimiladas e novos quadros treinados.
203