O imprevisível 2018 PD49 | Page 186

tecas do Ministério da Cultura está habilitado a fazer uma indica- ção. Os detalhes das votações só são divulgados pela Academia sueca após transcorridos 50 anos. Sabe-se que, nos três últimos anos, foram indicados: 2015 – Luiz Alberto de Vianna Moniz Bandeira, bacharel em Direito, cientista político e autor de vários livros, todos na área política (indicação da União Brasileira de Escritores); 2016 – Lygia Fagundes Telles, nascida em 19 de abril de 1923, formada em Direito e elegante autora de Ciranda de Pedra e também de As Meninas (indicação da Academia Brasileira de Letras); 2017 – Carlos Nejar, prolífico poeta gaúcho, cuja estreia foi em 1960, com Sélesis (indicação também da Academia Brasileira de Letras). Para 2018, dispomos de Affonso Romano de Sant’Anna, Adélia Prado e, novamente, Lygia Fagundes Telles. Já tivemos José Lins do Rêgo, Graciliano Ramos, Cecília Meireles, Clarice Lispector, Manuel Bandeira, Vinicius de Moraes, Nelson Rodrigues e João Cabral de Melo Neto. Noutros planos No tocante ao Prêmio Nobel da Paz, o nosso fraterno e comba- tivo Dom Helder Câmara foi indicado quatro vezes, principal- mente por seu trabalho, durante o regime militar, em defesa da democracia e dos direitos humanos. Na área da Física, no ano de 1950, o nosso Cesar Lattes pode- ria ter ganhado. O curioso é que ele foi outorgado a Cecil Frank Powell, chefe da equipe responsável pela pesquisa, apesar de Lattes ser o principal pesquisador e o primeiro autor do artigo sobre as partículas mésons pi, publicado na prestigiosa revista Nature, em 24 de maio de 1947. Quanto ao Nobel de Química, o tcheco naturalizado brasileiro Otto Gotlieb teve indicação em 1999, mas sem êxito. Já nos planos da Fisiologia e da Medicina, o caso de maior injustiça ocorreu com Carlos Chagas, o único cientista da história da Medicina a descre- ver completamente uma nova doença infecciosa: o patógeno (Trypanosoma cruzi), o vetor (triatominae), os hospedeiros, as manifestações clínicas e a epidemiologia. Indicado quatro vezes, a primeira em 1913, ele teve um inimigo poderoso trabalhando contra ele, o então médico legista, professor universitário, intelec- tual e político Afrânio Peixoto. 184 José Eduardo Gomes