Dois candidatos para um só trono
Silvio Queiroz
A
visita de Donald Trump à Ásia selou o panorama no
qual se trava uma disputa cujo alcance vai muito além
do ho
r izonte daqueles que a protagonizam, dentro da
acan hada perspectiva de vida de um ser humano. Entre Est ados
Unidos e China, a competição instalada é pela hegemon ia no
cenário internacional – político, econômico e militar. A sequên-
cia de encontros, no mês de novembro, entre Trump e o colega
Xi Jinping fixou os parâmetros que podiam faltar para a apre-
ciação do caso: as duas maiores potências do planeta cultivam
o respeito mútuo. Mas cada qual estuda freneticamente a outra,
em busca dos calcanhares de Aquiles: é a posição de cent ro de
gravidade da economia mundial que está em jogo.
Não escapa à atenção dos estrategistas nas principais capit ais
dos cinco continentes. assim como ao interesse dos estudiosos e
observadores, o sentido claro dos planos traçados para a China
no 19° Congresso do Partido Comunista. reunido em fins de outu-
bro. Sob a batuta de Xi, o império rnilenar almeja chegar aos
meados deste século não apenas como a locomotiva do capita-
lismo globalizado. Desde já, o regime de Pequim procura afirmar
sua condição de fiadora da estabilidade regional e ocupa espaço
cada vez mais destacado em questões como a prol iferação nuclear,
a segurança internacional e mesmo a reconversão dos modelos
socioeconômicos para bases sustentáveis.
Pela ótica de asiáticos. europeus, africanos e lati
no-
americanos, o cont raste entre os dois candidatos ao trono ficou
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