O imprevisível 2018 PD49 | Page 152

do capitalismo como impulsionadoras de forças políticas automá- tica e espontaneamente transformadoras de seu próprio contexto sem a formação do intelectual coletivo, nas novas formas a ser por este assumidas. E nas condições contemporâneas do capitalismo global, de grande mobilidade dos recursos produtivos materiais, financeiros, informacionais e da própria força de trabalho, com sistemas integra- dos alem dos limites das fronteiras nacionais, isto por si só já reque- reria a coordenação internacional das lutas sociais. Em contrapar- tida, a revolução informacional em curso colapsa as distâncias e os tempos no relacionamento entre os núcleos produtores do conheci- mento, inclusive aqueles formuladores estratégicos da ideologia e da política. Não por acaso proliferam os “think tanks” integrados em rede, à direita e à esquerda do espectro político. Assim fica pratica- mente evidenciado o caráter internacional do novo intelectual cole- tivo enraizado nos diversos campos da vida social e mesmo da vida íntima, na cultura, na comunicação social, nas ciências, no mundo das técnicas e da produção, e nas múltiplas mediações entre as sociedades civil e política. Campos permeados por conflitos de classe a reclamarem um novo internacionalismo. Para concluir, como contribuição ao debate, seguem referên- cias fundamentais do que pensaram quatro grandes clássicos sobre a época histórica. O comunismo não é para nós um estado de coisas a ser implan- tado, um ideal em função do qual a realidade deva ser organi- zada. Chamamos de comunismo o movimento real que supera o atual estado de coisas. (Marx, K. A Ideologia Alemã, 1845). o0o O que caracteriza o comunismo não é a supressão da proprie- dade em geral e sim a superação da propriedade burguesa [...] O comunismo não retira a ninguém o poder de apropriar-se da sua parte dos produtos sociais; apenas suprime o poder de escravizar o trabalho de outrem por meio dessa apropriação. (Marx. K., Engels, F. Manifesto Comunista, 1848). o0o [...] Quando nasce nos homens a consciência de que as institui- ções sociais vigentes são irracionais e injustas, de que a razão se converteu em insensatez e a benção em praga [referência a Mefistófeles, em Fausto, de Goethe], isso não é mais que um indício de que nos métodos de produção e nas formas de distri- 150 Alfredo Maciel da Silveira