O imprevisível 2018 PD49 | Page 121

século passado, mais concretamente com a promulgação da CLT- Consolidação das Leis do Trabalho (nos anos 30), e ampliados na Constituição de 1988. Esta queda do tempo de trabalho semanal (além das conquistas de férias e licenças especiais) foi possível (econômica e politicamente), apenas, enquanto a produtividade do trabalho crescia. No Brasil recente, contudo, a produtividade está praticamente estagnada, há algumas décadas, tornando difícil alteração no tempo de trabalho. A economia mundial experimenta agora uma nova revolução tecnológica, que encanta tanto quanto assusta, tanto pela escala e velocidade, como pelos impactos nos estilos de vida e na organi- zação social, incluindo, ainda, o enorme potencial de desemprego. A denominada “quarta revolução industrial” decorre de grandes avanços na fronteira da ciência, com a convergência de várias áreas de conhecimento (info, nano, bio e neurotecnologia) de grande poder disruptivo (robotização, sensores, tecnologia da informação, internet das coisas, indústria 4.0, impressoras 3D); com resultados fascinantes nas diversas facetas da vida humana e nos processos produtivos, assim como na explosiva criação de novos produtos, a revolução tecnológica está redefinindo as bases do trabalho e do tempo livre. As oportunidades desta nova revolução tecnológica, com o fascí- nio de novos produtos e serviços e com o grande potencial de auto- mação dos processos (linhas de produção automatizadas e conecta- das, monitoradas e comandadas à distância por inteligências e sensores) libera o homem do trabalho, principalmente das ativida- des rotineiras e desgastantes. Numa contrapartida assustadora, a revolução tecnológica provoca o desemprego em massa de milhões de trabalhadores no mundo. Vale lembrar que o desemprego é uma forma compulsória e indesejada de tempo livre, porque não é remu- nerado. Estudos do Fórum Econômico de Davos informam que a propagação da indústria 4.0 associada à autonomização pode provo- car o desemprego de cinco milhões de pessoas no mundo até 2020, expectativa considerada otimista por outras instituições. Ocorre, contudo, que o próprio processo de transformação que gera desemprego demanda também um grande contingente de pessoas para funções e atividades novas, que pode compensar, pelo menos parcialmente, os trabalhadores que sejam demitidos na introdução das inovações. O aumento da produtividade que pode desempregar, promove, como contrapartida, a elevação do exce- dente econômico e da renda, favorecendo o crescimento da econo- Trabalho e liberdade na nova revolução tecnológica 119