O imprevisível 2018 PD49 | Page 104

II A Indústria 4.0: a quarta revolução industrial Segundo vários estudos, há uma quarta revolução industrial 8 sacudindo o mundo e novamente revolucionando “os instrumentos de produção, portanto as relações de produção, portanto as rela- ções sociais todas”. 9 Desde pelo menos 2011, a partir dos centros 8 A Primeira Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra, no século XVIII (1780- 1830) e foi marcada pela emergência do setor têxtil dinamizado pela máquina de fiar, o tear mecânico, a siderurgia, a máquina a vapor originada da combustão do carvão (a forma de energia principal desse período técnico), a mecanização do trabalho via máquina-ferramentas, a ferrovia, além da navegação marítima, também movida à energia do vapor do carvão. Deu-se ai o início da produção mecanizada. Já a Segunda Revolução Industrial começou por volta de 1870 e se estendeu até o início do século XX. Ao contrário da primeira fase, países como Alemanha, França, Rússia e Itália também se industrializaram. O emprego do aço, a utilização da energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo, a invenção do motor a explosão, da locomotiva a vapor e o desenvolvimento de produtos químicos foram as principais inovações desse período. A indústria automobilística assume grande importância nesse período. O trabalhador típico desse período é o metalúrgico. O sistema de técnica e de trabalho desse período é o fordista, termo que se refere ao empresário Ford, criador, na sua indústria de automóvel em Detroit, Estados Unidos, do sistema que se tornou o paradigma de regulação técnica e do trabalho conhecido em todo o mundo industrial. Ele nutria tantos amores a seus operários, que os submetiam às formas cruéis de trabalho. A forma mais característica de automação é a linha de montagem, criada por Ford (1920), com a qual introduz na indústria a produção padroni- zada, em série e em massa, em detrimento da força de trabalho. Com o fordismo, surge um trabalhador desqualificado, que desenvolve uma função mecânica, praticamente anti-cognição crítica, extenuante e para a qual não precisa pensar o trabalhador. Pensar, para o capital, é a função de um especialista, de um engenheiro, que planeja para o conjunto dos trabalhadores dentro do sistema da fábrica. Mas este modo de produção capitalista ampliava o número de traba- lhadores assalariados dentro do modo de produção capitalista. No taylorismo- -fordismo, a força de trabalho é elevada a mais alta ignorância, não apenas como força de trabalho, mas como ser humano. A tecnologia característica desse período é, portanto, o aço, a metalurgia, a eletricidade, a eletromecânica, o petróleo, o motor a explosão e a petroquímica. Ela incorpora, devido aos padrões técnicos e científicos de sua própria época – radicalmente diferente das nossas em forma e conteúdo –, as conquistas da humanidade daquele momento histórico. A eletricidade e o petróleo são as principais formas de energia que inauguram, no princípio do século XX, uma revolução. Por fim, a Terceira Revolução Industrial tem início em fim dos anos 1960 e início da década de 1970, tendo por base a alta tecnologia, a tecnologia de ponta (HIGH-TECH). A tecnologia caracterís- tica desse período técnico é a microeletrônica, a informática, a máquina CNC (Comando Numérico Computadorizado), o robô, o sistema integrado à telemática (telecomunicações informatizadas), a biotecnologia. Sua base mistura, à Física e à Química, a Engenharia Genética, Biologia Molecular. Sem falar ainda na nano- tecnologia, os novos materiais e a indústria aeroespacial. Ver: Castells, Manuel. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. V. 1. 9 Marx, Karl; Engels, Friedrich. O Manifesto Comunista. São Paulo: Novos Rumos, 1986, p. 84 102 Eduardo Rocha