II A Indústria 4.0: a quarta revolução industrial
Segundo vários estudos, há uma quarta revolução industrial 8
sacudindo o mundo e novamente revolucionando “os instrumentos
de produção, portanto as relações de produção, portanto as rela-
ções sociais todas”. 9 Desde pelo menos 2011, a partir dos centros
8 A Primeira Revolução Industrial ocorreu na Inglaterra, no século XVIII (1780-
1830) e foi marcada pela emergência do setor têxtil dinamizado pela máquina de
fiar, o tear mecânico, a siderurgia, a máquina a vapor originada da combustão
do carvão (a forma de energia principal desse período técnico), a mecanização
do trabalho via máquina-ferramentas, a ferrovia, além da navegação marítima,
também movida à energia do vapor do carvão. Deu-se ai o início da produção
mecanizada. Já a Segunda Revolução Industrial começou por volta de 1870 e se
estendeu até o início do século XX. Ao contrário da primeira fase, países como
Alemanha, França, Rússia e Itália também se industrializaram. O emprego do
aço, a utilização da energia elétrica e dos combustíveis derivados do petróleo,
a invenção do motor a explosão, da locomotiva a vapor e o desenvolvimento
de produtos químicos foram as principais inovações desse período. A indústria
automobilística assume grande importância nesse período. O trabalhador típico
desse período é o metalúrgico. O sistema de técnica e de trabalho desse período
é o fordista, termo que se refere ao empresário Ford, criador, na sua indústria de
automóvel em Detroit, Estados Unidos, do sistema que se tornou o paradigma
de regulação técnica e do trabalho conhecido em todo o mundo industrial. Ele
nutria tantos amores a seus operários, que os submetiam às formas cruéis de
trabalho. A forma mais característica de automação é a linha de montagem,
criada por Ford (1920), com a qual introduz na indústria a produção padroni-
zada, em série e em massa, em detrimento da força de trabalho. Com o fordismo,
surge um trabalhador desqualificado, que desenvolve uma função mecânica,
praticamente anti-cognição crítica, extenuante e para a qual não precisa pensar
o trabalhador. Pensar, para o capital, é a função de um especialista, de um
engenheiro, que planeja para o conjunto dos trabalhadores dentro do sistema
da fábrica. Mas este modo de produção capitalista ampliava o número de traba-
lhadores assalariados dentro do modo de produção capitalista. No taylorismo-
-fordismo, a força de trabalho é elevada a mais alta ignorância, não apenas
como força de trabalho, mas como ser humano. A tecnologia característica desse
período é, portanto, o aço, a metalurgia, a eletricidade, a eletromecânica, o
petróleo, o motor a explosão e a petroquímica. Ela incorpora, devido aos padrões
técnicos e científicos de sua própria época – radicalmente diferente das nossas em
forma e conteúdo –, as conquistas da humanidade daquele momento histórico. A
eletricidade e o petróleo são as principais formas de energia que inauguram, no
princípio do século XX, uma revolução. Por fim, a Terceira Revolução Industrial
tem início em fim dos anos 1960 e início da década de 1970, tendo por base
a alta tecnologia, a tecnologia de ponta (HIGH-TECH). A tecnologia caracterís-
tica desse período técnico é a microeletrônica, a informática, a máquina CNC
(Comando Numérico Computadorizado), o robô, o sistema integrado à telemática
(telecomunicações informatizadas), a biotecnologia. Sua base mistura, à Física e
à Química, a Engenharia Genética, Biologia Molecular. Sem falar ainda na nano-
tecnologia, os novos materiais e a indústria aeroespacial. Ver: Castells, Manuel.
A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 1999. V. 1.
9 Marx, Karl; Engels, Friedrich. O Manifesto Comunista. São Paulo: Novos
Rumos, 1986, p. 84
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Eduardo Rocha