O imprevisível 2018 PD49 | Page 101

A Quarta Revolução Industrial e o futuro do trabalho: a caminho de uma nova civilização Eduardo Rocha Se cada instrumento pudesse executar por si mesmo a vontade ou a intenção do agente (...), se a lançadeira tecesse sozinha a tela, se o arco tirasse sozinho de uma cítara o som desejado, os arquitetos não mais precisariam de operários, nem os mestres de escravos 1 (Aristóteles) I O papel histórico do trabalho No capítulo V (Processo de Trabalho e Processo de Produzir Mais-Valia), § 1 (O Processo de Trabalho ou o Processo de Produ- zir Valores-de-Uso), do Livro 1 de O Capital, Marx define o conceito de trabalho “primitivo” [ER] e assinala o papel fundamental que ele desempenhou inicialmente na separação do fundante ser social humano do reino pura e naturalmente animal. Nos primórdios da humanidade, o manuseio pelos primeiros hominídeos dos objetos naturais, ofertados pela natureza (não produzidos, portanto, pela cognição, concepção intervenção, cria- ção e obra humanas) foi utilizado para a satisfação de sua neces- sidade imediata de sobrevivência. “A princípio, o homem apode- rava-se dos produtos, que a natureza lhe oferecia. Este processo prolongou-se durante várias dezenas e centenas de milhares de anos. Com o decorrer do tempo, o homem foi aprendendo a utili- 1 Aristóteles. Política. Livro I, capítulo II, Do Senhor e do Escravo. Coleção A obra-prima de cada autor. Ed. Martim Claret, p. 13. 99