A Quarta Revolução Industrial
e o futuro do trabalho:
a caminho de uma nova civilização
Eduardo Rocha
Se cada instrumento pudesse executar por si mesmo a vontade
ou a intenção do agente (...), se a lançadeira tecesse sozinha a
tela, se o arco tirasse sozinho de uma cítara o som desejado, os
arquitetos não mais precisariam de operários, nem os mestres
de escravos 1 (Aristóteles)
I O papel histórico do trabalho
No capítulo V (Processo de Trabalho e Processo de Produzir
Mais-Valia), § 1 (O Processo de Trabalho ou o Processo de Produ-
zir Valores-de-Uso), do Livro 1 de O Capital, Marx define o conceito
de trabalho “primitivo” [ER] e assinala o papel fundamental que
ele desempenhou inicialmente na separação do fundante ser
social humano do reino pura e naturalmente animal.
Nos primórdios da humanidade, o manuseio pelos primeiros
hominídeos dos objetos naturais, ofertados pela natureza (não
produzidos, portanto, pela cognição, concepção intervenção, cria-
ção e obra humanas) foi utilizado para a satisfação de sua neces-
sidade imediata de sobrevivência. “A princípio, o homem apode-
rava-se dos produtos, que a natureza lhe oferecia. Este processo
prolongou-se durante várias dezenas e centenas de milhares de
anos. Com o decorrer do tempo, o homem foi aprendendo a utili-
1 Aristóteles. Política. Livro I, capítulo II, Do Senhor e do Escravo. Coleção
A obra-prima de cada autor. Ed. Martim Claret, p. 13.
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