O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 81

1. Brasil e BRICS Assim, o problema para elas era que a Petrobras teria maio- res poderes na definição das compras de equipamentos, definição de pessoal e seleção de tecnologia. E isso reduziria a importação de equipamentos e serviços dos EUA para o Brasil. Quanto à mudança do modelo de concessão para o de par- tilha da produção argumentou-se, como vimos, que isso poderia, talvez, até mesmo beneficiar, do ponto de vista fiscal, os próprios investidores. Embora a indústria se oponha à provável mudança da concessão para os contratos de partilha de produção (CPPs) sob o novo regi- me, as provisões do CPP poderiam potencialmente trazer condições fiscais vantajosas para os investidores. Teixeira, do IBP, e Pradal, da Chevron, elogiaram o modelo de concessão sob o regime existente, chamando-o de “forte e estável”. Pradal disse que a mudança de tal modelo para um CPP foi um movimento político, explicando “Tudo o que o governo brasileiro está tentando obter de um CPP, eles po- deriam ter feito através de concessões”. 32 (AMCONSUL RIO DE JA- NEIRO, 2009b) [136] Mas, ao que parece, a mudança foi feita essencialmente por- que o governo desejava assegurar o seu controle sobre a parcela do petróleo que cabia ao país e não simplesmente receber um va- lor monetário da companhia estrangeira em troca dessa parcela. Contudo, a informação mais importante dessa mensagem enviada para a CIA – em que alguns nomes são grafados de forma incorreta – refere-se à dificuldade que as empresas norte- -americanas estavam encontrando para substituir suas reservas de petróleo. Justamente por isso, faziam questão de participar na exploração do pré-sal, mesmo que sob algum regime que lhes fosse um tanto adverso. EMPRESAS DE PETRÓLEO AMERICANAS: ‘NÓS FICAREMOS’ Embora os representantes da Chevron e Exxon Mobile, baseados no Rio de Janeiro, estejam se preparando para um ambiente ope- racional muito mais desafiador, ambas as empresas manterão uma presença ativa no Brasil, independentemente das mudanças trazidas pelo novo pacote de reformas. Segundo Lacerda, da Exxon Mobile, 80 de 382