O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 80

1. Brasil e BRICS Em reação à probabilidade de o novo enquadramento exigir que a Petrobras seja a única operadora de todos os blocos não licencia- dos, executivos da Petrobras e do Instituto Brasileiro do Petróleo argumentaram que a empresa não possui recursos suficientes para desempenhar efetivamente essa função, o que poderia levar a opor- tunidades de subcontratação para outras empresas petrolíferas. Embora as companhias petrolíferas tenham elogiado o modelo de concessão sob o regime existente e se oposto à provável mudança para os contratos de partilha de produção (CPP), alguns analistas argumentaram que as provisões do CPP poderiam, potencialmente, levar a acordos fiscalmente vantajosos para os investidores. Representantes locais da Chevron e da Exxon Mobile estão se pre- parando para um ambiente operacional muito mais desafiador, mas ambas as empresas manterão uma presença ativa no Brasil, indepen- dentemente das mudanças trazidas pelo novo pacote de reformas. 30 (AMCONSUL RIO DE JANEIRO, 2009b) [134] Em particular o tema da Petrobras como única operadora apontava para a necessidade de subcontratações. Mas as empre- sas estariam dispostas a aceitar tal condição e já tinham histórico de trabalho em parceria com a Petrobras. A diretora de Relações Externas da Exxon Mobile, Carla Lacerda, disse [...] que o modelo proposto constituiu uma reversão para o an- tigo sistema de monopólio do Brasil. Como única operadora, expli- cou, a Petrobras teria mais controle sobre compras de equipamentos, pessoal e seleção de tecnologia, o que, por sua vez, poderia afetar negativamente o fornecimento de equipamentos e serviços dos EUA para o Brasil. A diretora de Desenvolvimento de Negócios e Relações Governamentais da Chevron, Patricia Pradal, disse [...] que tinha dúvidas sobre a legalidade de tal cláusula. “O governo brasileiro terá que combater [por isso] nos tribunais ou mudar a composição acio- nária da Petrobras para dar ao governo uma participação maior”, explicou ela. Apesar dessa possibilidade, Pradal não acreditava que o status de parceiro não operacional fosse necessariamente ruim para a Chevron. Ela afirmou: “Estamos tentando manter um perfil mais baixo hoje em dia”, acrescentando: “Nós já fazemos parceria com a Petrobras em cinco projetos aqui”. 31 (AMCONSUL RIO DE JANEI- RO, 2009b) [135] [colchete nosso] 79 de 382