O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 64
1. Brasil e BRICS
A decisão da Suprema Corte norte-americana a que San-
ders se refere permitiu que empresas e sindicatos passassem a
gastar quantias ilimitadas de dinheiro para fazer propaganda po-
lítica independente, favorável ou contrária, a qualquer candidato.
Assim, o Comitê de Ação Política, sediado em Washington,
denominado Citizens United – que apresentara o questionamen-
to à Justiça em 2008 sobre ser inconstitucional o Estado restringir
gastos políticos “independentes” feitos por corporações ou sindi-
catos na manifestação de sua opinião – foi legalmente respalda-
do, pela decisão da Suprema Corte, para dar continuidade à sua
campanha de propaganda pela TV, divulgando um vídeo contra
Hilary Clinton disponível na Internet. [93] (BENTLEY, s.d.p.)
Desde então, com a extensão dessa jurisprudência a outros
tipos de atores, inúmeras organizações sem fins lucrativos passa-
ram a receber, em seu conjunto, milhões de dólares de grandes
empresas ou de bilionários para atuar politicamente no combate
ou na defesa de programas políticos ou de candidatos, como no
caso da propagação do programa político libertariano.
Os efeitos devastadores dessa interpretação da liberdade de
expressão pela Suprema Corte, fragilizaram profundamente o de-
bate democrático no país. Na eleição de 2012, por exemplo, foram
gastos por grupos “independentes” a cifra de 675 milhões de dóla-
res, para propagar as teses endossadas pelos doadores e combater
os candidatos que eram seus adversários. (SKEEN, 2012) [94].
O uso massivo da Internet, a propagação de fake news e a
difusão ideológica de consensos que desprezam a investigação da
verdade cresceram em igual medida ao volume de dinheiro doa-
do para ações de campanhas “independentes” e afetaram profun-
damente as eleições de 2016.
Os efeitos da subordinação do debate político à quantidade
gigantesca de dinheiro investido na produção de hegemonias po-
líticas, para a propagação de interpretantes negativos ou positivos
sobre pessoas e propostas, levou dez estados norte-americanos,
até 2012, a adotarem medidas em oposição ao que se desdobrou
como jurisprudência do caso Citizens United. (IDEM) [95]
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