O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 44
1. Brasil e BRICS
impostos, entre outras medidas destinadas a ampliar suas taxas
de lucro – e por políticos corruptos que desejavam impedir que o
combate à corrupção os alcançasse.
O ambiente econômico e político interno, favorável ao gol-
pe, estava dado. Mas a intervenção de atores norte-americanos
será determinante, em diferentes aspectos, tanto no apoio à mo-
bilização de segmentos sociais pela deposição do governo, quan-
to na qualificação de ações que culminarão no seu desfecho bem
como na difusão de uma pauta de medidas implementada pelo
governo golpista e que atendia a vários interesses dos Estados
Unidos, que detalharemos no Capítulo 2.
1.5. A Participação de Organizações e Autoridades
Norte-Americanas no Curso dos Acontecimentos
Há muita similaridade nos golpes de estado ocorridos em
Honduras (deposição de Manuel Zelaya em 2009), Paraguai (de-
posição de Fernando Lugo em 2012) e Brasil (deposição de Dilma
Rousseff em 2016). Eles possuem, também, alguns traços em co-
mum com os golpes desfechados na Venezuela (2002) e no Haiti
(2004) com a deposição respectiva de Hugo Chávez e Jean-Bre-
trand Aristide. O golpe fracassado contra Chávez abriu a nova
série de golpes de Estado na América Latina, os quais ocorrem,
em média, a um intervalo de 4 anos. Um quadro comparativo
desses golpes será apresentado no Capítulo 5.
Embora o conjunto de medidas implementadas pelo go-
verno golpista no Brasil atenda a vários objetivos econômicos e
geopolíticos norte-americanos, destacaremos, particularmente,
o interesse dos Estados Unidos nas reservas brasileiras de petró-
leo, não apenas para reduzir a sua dependência do petróleo do
Oriente Médio e da Venezuela [45], mas especialmente pela im-
portância do mercado mundial do petróleo na manutenção do
dólar como moeda hegemônica global.
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