O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 34
1. Brasil e BRICS
junto ao capital financeiro e ampliaram a produção e o consumo
– pois o crescimento da renda e o resultado do investimento rea-
lizado, obtidos nos anos seguintes, permitiam aos trabalhadores
e aos empresários pagarem as dívidas contraídas nos anos ante-
riores. E assim foi, durante quase uma década no Brasil.
Mas, quando o endividamento ultrapassou a margem de
conforto, com respeito à expectativa de solvência futura, e ca-
pitais começaram a migrar novamente para os Estados Unidos
– saindo, também, do mercado brasileiro e chinês –, empresários
e famílias no Brasil começaram a direcionar mais dinheiro para
o pagamento de dívidas e diminuíram compras finais ou novos
investimentos.
Isso se refletiu tanto na redução de investimento empresa-
rial para Formação Bruta do Capital Fixo – isto é, destinado a
ampliar a capacidade de produção e circulação de bens e serviços
– quanto no consumo das famílias, que deixou de crescer.
Esse movimento contribuiu fortemente para a estagnação
do Produto Interno Bruto em 2014, com crescimento de 0,5%, e
para as quedas de 3,5% em 2015 e de 3,6% em 2016.
Crise Econômica e Lucros do Capital a Juros
Comparando os resultados dos setores produtivo e finan-
ceiro no Brasil nesse período de crise, os bancos passaram a
registrar proporcionalmente lucros sempre maiores a cada ano
(COSTAS, 2015) [22], pois os excedentes gerados no setor produ-
tivo da economia migravam, pelo pagamento de dívidas, para a
realização de lucros no setor financeiro do capital a juros.
Assim, a economia deixou de crescer, pois os excedentes do
setor produtivo passaram a ser destinados, em maior medida, ao
pagamento de empréstimos feitos em anos anteriores e não mais
para investimento na produção ou para consumo.
Com a redução da atividade econômica, o Estado passou a
arrecadar menos recursos em impostos.
E a crise econômica que se instalou teve diversos desdobra-
mentos.
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