O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 274

5. Golpes de Estado Recentes na América Latina Informa-se, igualmente, que o Instituto e seus parceiros lo- cais “treinam jovens líderes cívicos para se tornarem ativos e inte- ressados em política.” 109 [548] Golinger salienta que o IRI é bem conhecido por seu papel no golpe de estado de abril de 2002 contra o presidente Hugo Chávez, na Venezuela, e pelo finan- ciamento e assessoramento estratégico fornecido para as principais organizações envolvidas na derrubada do presidente Jean Bertrand Aristide, no Haiti, em 2004. Em ambos os casos, o IRI financiou e/ ou treinou e assessorou os partidos políticos e grupos envolvidos na derrubada violenta e antidemocrática dos presidentes constitucio- nais. 110 (GOLINGER, 2009) [549] De fato, a participação do IRI no processo que culminou no golpe acabou sendo revelado pelo próprio Instituto em pro- nunciamento público, em reconhecimento e apoio ao Governo de Pedro Carmona. Após o golpe na Venezuela em abril de 2002, o então presidente do IRI, George Folsom, enviou um comunicado de imprensa em que comemorava o golpe e declarava que: “O Instituto tem servido como uma ponte entre os partidos políticos da nação e todos os grupos da sociedade civil para ajudar os venezuelanos forjar um novo futuro democrático...” Horas mais tarde, quando o golpe já havia fracassa- do e o povo venezuelano havia resgatado o seu presidente, que havia sido sequestrado e preso em uma base militar, e tinha restaurado o fio constitucional, o IRI se arrependeu da pressa com que publi- camente aplaudiu o golpe. Um de seus principais financiadores, o NED, estava furioso porque o IRI revelou publicamente o financia- mento do governo dos EUA aos líderes do golpe da Venezuela. O presidente do NED, Carl Gershman, estava tão irritado com o erro do IRI, que enviou uma carta a Folsom, repreendendo-o, e dizendo: “Através de seu aplauso ao golpe – por certo, sem nenhuma reserva – meteste o IRI dentro da sensível política interna da Venezuela.” Gershman teria preferido que o papel do NED e do IRI em fomentar o golpe contra o presidente Chávez tivesse sido mantido em segre- do. 111 (IDEM) [550] 273 de 382