O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 257
4. O Manual do Golpe
Em maio de 2014, Andrés Sepúlveda foi preso, na Colôm-
bia, por crimes cibernéticos. Ele confirmou ter fraudado diversas
eleições na América Latina, por quase uma década, utilizando
mecanismos de Internet, interferindo no resultado de eleições
com a postagem de conteúdos dirigidos em diferentes serviços,
manipulando redes sociais (ROBERTSON, 216) [503].
Ao ser perguntado sobre as técnicas adotadas, ele assim res-
pondeu:
Eu usava engenharia social [...]. Eu tinha todas as informações ne-
cessárias para fazer um ataque. Sabia quem era [o alvo], do que gos-
tava, do que não gostava... Tirava um perfil completo e, de acordo
com esse perfil, eu sabia que técnicas usaria; se fazia um ataque para
infectar roteadores, ou um ataque direto ao telefone celular, ou um
ataque para infectar o computador. [...] Da mesma forma, uníamos
diferentes técnicas: ataques de força bruta [exemplo: usando varia-
ções de senhas até logar], ‘pineapples’ [exemplo: copiando senhas
quando usadas em Wi-Fi aberto] e até mesmo ataques de injeção de
SQL [inserindo códigos de programação em formulários] para obter
certos tipos de dados.
A maioria das ferramentas eu as criava integrando diferentes ‘ex-
ploits’ [comandos que exploram falhas dos softwares usados] e fer-
ramentas já existentes que foram obtidas no mercado informal. [...]
Assim, […] eu buscava integrar esses ‘exploits’ e as ferramentas […]
numa só, para ter o controle total do que estava sendo feito. 93 (Sepúl-
veda apud REALPE, 2016) [colchetes nossos.) [504]
Sobre a estratégia de atuação em campanhas eleitorais com
essas ferramentas, destacou que:
O objetivo principal era ganhar as eleições. Os objetivos secundários
eram gerar desordem nas outras campanhas, sabotar outras ações,
fortalecer o que estava sendo feito desde a campanha, ofuscar os ad-
versários e, sobretudo, desinformar. [...]
Quando alguém está num processo político, acredita mais no que
as outras pessoas dizem do que no próprio candidato. Eu me encar-
regava de disponibilizar a informação para que estivesse acessível a
todos; e também de tornar a vida difícil para as outras campanhas,
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