O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 242
3. Regime de Exceção e Violação de Direitos Humanos no Brasil
Na prática, a Operação investigava apenas partidos e políti-
cos da situação, contribuindo assim para expandir a hegemonia
política da oposição ao Governo.
Perguntado numa entrevista porque a Lava Jato não investi-
gava políticos do PSDB, o procurador Deltan Dallagnol afirmou:
O PSDB não fazia parte da base aliada do governo federal do PT.
Como o PSDB não fazia parte da base aliada não foram indicadas
pessoas do PSDB, por exemplo, como diretores da Petrobras. Não
tem como achar na Petrobras corrupção de diretor do PSD B porque
não existia diretor do PSDB. (DALLAGNOL. 2018) [473]
Embora dois delatores, o doleiro Alberto Youssef e o ex-
-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, tenham afirmado
que políticos do PSDB haviam recebido recursos desviados da
Petrobras e Furnas, entre eles Sérgio Guerra e Aécio Neves, a in-
vestigação sobre isso não prosperou:
Costa e Youssef disseram que Sérgio Guerra recebeu R$ 10 milhões
para “abafar” uma CPI no Congresso Nacional para investigar irre-
gularidades na Petrobras em 2009. […] Segundo Youssef, o dinheiro
foi pago pela empreiteira Camargo Correa, uma das investigadas
pela operação Lava Jato. (PRAZERES, 2015) [474]
Também o juiz Sérgio Moro, para explicar porque o PSDB
não aparecia nas investigações, usou o mesmo argumento: “esse
partido estava na oposição, então não faria sentido” que diretores
da Petrobras tivessem dado dinheiro a políticos desse partido. E,
concluiu que,
naturalmente, [...] os políticos que aparecem são aqueles que ad-
ministram a companhia estatal. E o PT está no poder desde 2003.
(Moro apud BASILE, 2016) [475]
Assim, ao focar a investigação em políticos e partidos da
situação e não nos possíveis crimes contra a Petrobras informa-
dos pelos próprios delatores, a Operação Lava Jato assumiu um
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