O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 192
2. Alguns Frutos do Golpe para os Estados Unidos, suas Empresas e Organizações
safetos do governo norte-americano na América Latina. Em 2017,
em resposta a sanções norte-americanas, o governo venezuelano
passou a implementar essa medida (KURMANAEV, 2017) [380].
Com o crescimento contínuo do PIB dos BRICS, que em pa-
ridade de poder de compra ultrapassou o PIB da União Europeia
e dos Estados Unidos, seria uma questão de tempo que tal ultra-
passamento ocorresse também no plano dos preços correntes.
Entretanto, usando do poder de sua política monetária, os
Estados Unidos anunciaram a elevação da taxa básica de juro e
capitais saíram dos BRICS e Europa em direção dos Estados Uni-
dos. E, como resumiu a Deutsch Wele: o “aumento da taxa básica
de juros nos EUA desvaloriza moeda em países como Brasil, Rús-
sia e Índia.” (WENKEL, 2013) [381]
Porém, com a real expansão dos BRICS assentada em seu
poderoso mercado consumidor interno, essa política monetária
norte-americana seria incapaz de sufocar o crescimento do bloco
no médio e longo prazo. Pois, como as reservas cambiais da Chi-
na estão em sua maioria em dólar, a apreciação de suas reservas
cria melhores condições de alavancar suas próprias operações,
tanto para crescimento dela mesma quanto para o fortalecimen-
to do Novo Banco de Desenvolvimento, instituído pelos BRICS.
Assim, os Estados Unidos se veem agora numa situação
difícil de contornar, usando seus instrumentos econômicos mo-
netários convencionais, necessitando, para tanto, lançar mão de
instrumentos políticos, como, por exemplo, o apoio ao Golpe de
Estado no Brasil, com suas autoridades capacitando, informan-
do e cooptando atores do poder judiciário, ministério público
ou poder legislativo, que desempenharam um papel central no
desenrolar dos acontecimentos que culminaram no golpe e na
entrega de campos de pré-sal; quanto de instrumentos militares,
como as ações na Líbia e Síria, por exemplo.
Além disso, para que seu poder de sustentar o dólar com
base no comércio mundial de petróleo se mantenha por longo
tempo, os Estados Unidos tem de impedir ou dificultar ao máxi-
mo possível a mudança da matriz energética global, evitando que
o petróleo seja substituído por outras fontes energéticas abun-
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