O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 179

2. Alguns Frutos do Golpe para os Estados Unidos, suas Empresas e Organizações depreciação do dólar, frente às demais moedas, também significa uma desvalorização das reservas cambiais da maioria dos países, pois grande parte dela é lastreada em dólar. A China, consciente do que se passou com a URSS, tratou de construir uma gigantesca reserva cambial e usa sua poupança para reduzir os impactos da política monetária norte-americana em sua economia interna e para assegurar o valor de sua reser- vas. Desde os anos 90 se tornou grande importadora de ouro e constituiu um imenso colchão que supera a um trilhão de dóla- res em Títulos do Tesouro americano. Tornou-se o maior produ- tor mundial de ouro [359] [360] e estima-se que suas reservas em lingotes alcancem a 20 mil toneladas atualmente. [361] Assim, quando os Estados Unidos iniciam um ciclo de de- preciação dólar para ativar suas exportações, a China, por sua vez, compra dólares para manter o seu preço, evitando que suas reservas cambiais em dólares se desvalorizem. Esse mecanismo de interferência na economia global pela autoridade monetária norte-americana seria diluído se o petró- leo fosse negociado internacionalmente sem a necessidade de dó- lares e se as reservas cambiais dos países fossem diversificadas, reduzindo cada qual sua exposição à moeda dos Estados Unidos. Isso poderia levar ao fim da hegemonia da política monetária norte-americana sobre a economia global. Com o surgimento do Euro em 1998, reservas cambias de muitos países se diversificaram. A tendência de que os países asiáticos – superavitários em sua relação comercial com os Es- tados Unidos – alterassem a composição de suas reservas com diferentes moedas, comprando mais euros e menos títulos do tesouro americano, e ampliassem sua capacidade de reagir às políticas monetárias dos EUA, traria uma grande dificuldade de financiamento do deficit da balança de pagamentos norte- -americana, ameaçando, igualmente, a hegemonia internacio- nal do dólar. [362] Entretanto, no ano seguinte, em junho de 1999, o Federal Reserve aumentou a taxa básica de juros para 5% e chegou a 6,5% em 2001. Em pouco mais de um ano, o euro desvalorizou-se 20% 178 de 382