O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 178
2. Alguns Frutos do Golpe para os Estados Unidos, suas Empresas e Organizações
influenciada pela política monetária norte-americana no perío-
do de 1979 a 1985. Com suas exportações, tais economias capta-
ram menos dólares pelo comércio internacional. Por outra parte,
quando o dólar foi depreciado de 1985 a 1987, ocorreu a elevação
do custo em dólares dos fatores que necessitavam importar para
sustentar suas atividades, mas as reservas que haviam acumu-
lado nos cinco anos anteriores eram baixas. Com a elevação do
preço do petróleo em dólares, verificam-se processos inflacioná-
rios nessas economias [355], aprofundando uma crise que levou
à dissolução da URSS em 1989 e, posteriormente, à liquidação
da Federação Iugoslava, com a intervenção das tropas da OTAN.
Por sua vez, a fuga de capitais dos BRICS em 2014 em di-
reção aos Estados Unidos [356], mesmo sem a alteração da taxa
básica de juros naquele país, foi pressionada por um volume me-
nor do que o necessário em compra no mercado de Títulos do
Tesouro pelo Fed – o que injetaria dólares na economia. Se um
volume adequado de compra e venda tivesse ocorrido, tal medida
poderia ter evitado esse movimento de migração de capitais para
os Estados Unidos. A saída de capitais do Brasil elevou a cotação
do dólar no país, trazendo fortes impactos para a economia.
Para que se tenha uma ideia, conforme alguns analistas,
cujos dados e cálculos não revisamos, a Petrobras em 2014, em
razão de seus investimentos, tinha 80% da sua dívida bruta em
dólares. Cada 1% de elevação do câmbio, corresponderia a um
aumento de R$ 2,5 bilhões nesse montante. E para cobrir a di-
ferença do valor a pagar seria necessário aumentar o preço dos
combustíveis. Assim, em 2015, se a cotação média do dólar fosse
R$ 2,40 o aumento do combustível alcançaria a 8%. Se fosse a R$
2,79, o reajuste estimado seria de 26%. Uma alta de 9% na cotação
do dólar exigiria 19% de majoração nos preços [357]. O aumento
dos preços dos combustíveis alimentaria a inflação. Mas não era
possível conter os aumentos, que somaram 10% entre setembro
de 2014, com a gasolina a R$ 2,96 e setembro de 2015, chegando
a R$ 3,27. [358]
Por outro lado, quando os Estados Unidos afrouxam a po-
lítica monetária e aumentam a liquidez global, o movimento de
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