O Golpe – Brics, Dólar e Petróleo Euclides_Mance_O_Golpe_Brics_Dolar_e_Petroleo | Page 15
Introdução
ropeia, visam, entre outras coisas, preservar a supremacia do dó-
lar como divisa global, contando para isso com diferentes veto-
res, particularmente a manutenção do seu emprego como moeda
hegemônica no mercado mundial de petróleo e como principal
componente das reservas cambiais da maioria dos países.
Preservar a importância do dólar como moeda de troca glo-
bal e de reserva mundial é a única solução de curto prazo para os
Estados Unidos seguirem financiando, com a emissão de Títulos
do Tesouro, a sua balança comercial deficitária e sua gigantesca
dívida pública; e, por outro lado, seguirem mantendo o poder
de interferência de sua política monetária na economia mundial.
Por sua vez, sob o aspecto do método político adotado para
a deposição de governos nacionais, uma análise comparativa
de golpes de estado similares, recentemente ocorridos na Vene-
zuela, Haiti, Honduras, Paraguai, Brasil e países árabes permi-
tiu identificar a evolução de alguns elementos estruturais – tais
como, ações de espionagem, capacitação e cooptação de atores
locais, uso de redes sociais e bots para disseminação de conteú-
dos políticos, participação de agências e/ou autoridades e orga-
nizações norte-americanas no curso dos acontecimentos, entre
outros – que sistematizamos no que pode ser chamado de “Ma-
nual do Golpe”.
Compreender os mecanismos usados nesses golpes de es-
tado recentes e encontrar estratégias adequadas ao seu enfrenta-
mento é essencial para evitar que outros do mesmo tipo ocorram
na América Latina ou em outras partes do mundo.
Nos países em que ele ocorre, desaparece, se existente, o
Estado Democrático de Direito – que regula a mediação entre
os interesses contraditórios das classes sociais –, convertendo-se
uma parte dos aparelhos do estado em meros instrumentos de
dominação política das forças hegemônicas do capital por sobre
a sociedade, visando a imposição de um amplo programa de re-
formas, que atende aos interesses das forças golpistas, particular-
mente com a privatização do patrimônio público e dos serviços
estatais.
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