DEUS É GRACIOSO
Justin Pratt
O
homem, em sua tolice, multiplicou
deuses. Ele inventou deuses com
atributos sobre-humanos, mas
nunca considerou um deus gracioso. Com
perspicácia, C.S. Lewis observou que isso é
o que diferencia o Cristianismo das religiões.
A realidade de Deus ser gracioso só poderia
ser recebida por revelação divina. Foi assim
que Deus se revelou formalmente a Moisés
após o pecado de Israel com o bezerro de
ouro (Êxodo 34:6). O resultado esperado para
tal pecado seria o julgamento da nação, mas
Deus usou o incidente para demonstrar a
graça de Seu caráter ao povo recém-nascido.
Esperamos que esta pequena consideração da
graça de Deus nos faça espelhar a resposta de
adoração de Moisés à revelação do Senhor.
Graça significa literalmente 'favor'. O sentido
hebraico da palavra nos dá a ideia de alguém
superior inclinar-se em bondade para com
aquele que é inferior. O grego carrega consigo
a ideia de 'ânimo'. As palavras da Bíblia
traduzidas como misericórdia, benignidade
e graça são, na verdade, bastante difíceis de
diferenciar. Cada uma delas carrega o mesmo
sentimento do favor de Deus transbordando
para Suas criaturas indignas, em cuidado e
compaixão. Adão e Eva seriam capazes de nos
falar da graça de Deus estendida a eles, mas
é Noé o primeiro de quem é explicitamente
declarado que "achou graça aos olhos do
Senhor" (Gênesis 6:8). Em meio a um mundo
entregue à maldade e destinado ao juízo, o
favor de Deus repousa sobre Noé, por meio
de quem a vida seria preservada. Deus está
sempre procurando por um vaso que possa
transbordar com Sua graça.
O Deus de Graça
Deve-se notar que o pecado não foi exigido
para que Deus exibisse este atributo de Seu
caráter. O cuidado gracioso de Deus por
Adão é evidente antes da queda, no plantio
de um jardim para ele e na provisão de uma
esposa que era um complemento perfeito para
ele. Felizmente para nós, a trágica entrada
do pecado não nos excluiu da graça. Em vez
disso, a queda destacou e serviu de pano de
fundo para o belo desdobramento da glória
dos procedimentos graciosos de Deus, apesar
do pecado nas páginas das Escrituras. Onde
nossa natureza decaída fez do pecado nossa
reação padrão aos caprichos da vida, Deus
respondeu instintivamente com graça. Em
última análise, isso foi visto na encarnação do
Senhor Jesus Cristo: "E todos nós recebemos
também da sua plenitude, com graça sobre
graça" (João 1:16). Paulo escreveu: "porque já
sabeis a graça de nosso Senhor Jesus Cristo,
que, sendo rico, por amor de vós se fez pobre,
para que, pela sua pobreza, enriquecêsseis" (2
Coríntios 8:9). Esta resposta repetida e final
de Deus ao nosso pecado deve realmente nos
ancorar. Precisamos descansar em Sua graça,
permanecer firmes nela (cf. 1 Pedro 5:12; 2
Timóteo 2:1). Nunca podemos nos encontrar
em uma situação em que estejamos além do
alcance da graça de Deus.
Graça Recebida?
Infelizmente, apreciar a graça pode ser uma
coisa ilusória. No momento em que sentimos
que a merecemos, ela desaparece. Por que
isso é tão contraintuitivo? Como mencionado
anteriormente, não se encaixa na estrutura
ímpia da humanidade caída. O diabo nos
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