SANTOS QUE SOFRERAM: JÓ
isso, me abomino e me arrependo no pó e na
cinza" (Jó 42:2-6).
A Realidade do Sofrimento
Sofrer por coisas que podemos medir,
compreendendo as justiças e injustiças
que praticamos, é uma bússola poderosa.
Nós mudamos nosso curso, consertamos
relacionamentos e ajustamos as coisas entre
nós e o Senhor. E esperamos que Satanás
esperneie diante do progresso da obra de
Deus. Mas sofrer por coisas que não podemos
resolver, como Jó em sua desolação, leva ao
verdadeiro desespero. As lamentações de Jó
estão cheias de dúvidas, ansiedade, medo,
saudade e confusão. O sofrimento emocional
balança o físico, suga o ânimo e amplifica
a dor. A imagem de Jó sentado em cinzas e
raspando sua pele com telha quebrada já diz
tudo. Estudando seus olhos vazios, suspiros
apáticos e espírito quebrado, até seus amigos
falantes retiveram a língua por uma semana.
Jó temia a Deus. Sua história nos diz que ele
queria o que era certo e santo. Ele era um
adorador e conhecia seu Senhor (Jó 1:1,5).
Houve promessas, proteção e bênçãos. Deus
era seu amigo (Jó 29:4). Dada a proximidade
deles, não é de admirar que ele se sinta
abandonado e sem esperança, após não
conseguir sentir Deus nas trevas. Tudo o que
Jó conhecia lhe dizia que Deus estava lá, na
escuridão, mas onde? Ninguém pode ver nessas
trevas. Não há palavras tranquilizadoras; seu
choro ecoa no silêncio. A tentação de desistir
de tudo – de sua esperança, dele próprio e
até de seu Deus – parece grande. Essa é a
realidade do sofrimento pelo desconhecido, e
ninguém está imune.
A Reação do Sofredor
Duas vezes Deus aponta e diz: "Observaste
o meu servo Jó?" (Jó 1:8; 2:3). Parece haver
uma profunda satisfação em relação a Jó no
coração de Deus. Meu servo. Certamente
essas provações, por mais difíceis que fossem,
não foram as primeiras atravessadas pelo
servo de Deus. Aqui, através das maiores dores
e perdas, sem saber por quê, Jó suportou. Ele
sempre pôs sua confiança em Deus, e não
seria agora que Jó desistiria Dele. "Eis que
temos por bem-aventurados os que sofreram.
Ouvistes qual foi a paciência de Jó e vistes o
fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é
muito misericordioso e piedoso." (Tiago 5:11)
Outra das coisas marcantes da experiência
de Jó é que, embora ele não desistisse de
Deus, Jó desistiu de seus próprios sentidos.
A maneira como ele conhecia, falava, ouvia,
via e sentia o mundo à sua volta falharam por
causa do pecado. Obscureceram sua resposta
a Deus: "Falei do que não entendia; coisas
que para mim eram maravilhosíssimas... Com
o ouvir dos meus ouvidos ouvi, mas agora te
veem os meus olhos. Por isso, me abomino e
me arrependo no pó e na cinza" (Jó 42:3-6).
Quando Jó ergueu os olhos por sua própria
experiência e reconheceu a Deus, tudo mudou!
"Bem sei eu que tudo podes, e nenhum dos
teus pensamentos pode ser impedido." (Jó
42:2) Ao deixar seus sentimentos para trás,
a paz e a recuperação vieram unicamente de
Deus.
O Resultado da Aflição
Em nossa própria experiência, quando lutamos
com o motivo das aflições, passamos a repetir
a frase "Deus sabe de tudo". Talvez seja uma
coisa simples, mas é um lembrete do que
Jó aprendeu: que nós, nossa compreensão
e nossos sentimentos desbotam diante do
Todo-Poderoso. De fato, eles podem se tornar
uma armadilha para nós e nos distrair dele, o
Todo-Suficiente. As pessoas afirmam, talvez
por compreenderem mal as Escrituras, que
Deus não lhe dará mais do que você pode
lidar. Talvez Jó tenha aprendido, e nós também
podemos aprender, que Deus não nos dará
nada que Ele não possa lidar. Amados, quando
aquilo que não conhecemos inunda nossa
alma, nós suportamos, conhecendo o Deus
que é sempre bom e sempre justo. Ele está
sempre lá, para o crente na escuridão.
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