Dinheiro | Page 22

O MORDOMO E A AUDITORIA FINAL Mark Sweetnam De todas as parábolas contadas pelo Senhor Jesus, a parábola do mordomo infiel, registrada em Lucas 16:1-8, é, talvez, a mais difícil de interpretar. Os comentaristas têm debatido a moralidade da parábola – como o Senhor pode elogiar as ações manifestamente injustas de seu mordomo? Alguns respondem argumentando que, para entender adequadamente a parábola, precisamos trazer informações culturais adicionais – fundamentando que o desconto do mordomo representa a remoção de uma taxa de juros cobrada ilegalmente ou, alternativamente, que o mordomo está simplesmente removendo sua própria comissão do negócio. Ambas as abordagens estão sujeitas à mesma objeção: as parábolas geralmente não exigem que importemos esse nível de informação cultural para entender seus significados. De fato, uma das características notáveis – embora não seja uma surpresa – das parábolas contadas pelo Senhor Jesus é sua capacidade de transcender culturas e comunicar, de maneira clara, suas mensagens, ainda que em lugares distantes e mesmo que passado muito tempo. De qualquer forma, essas tentativas de esclarecer a moralidade da parábola se tornam desnecessárias quando entendemos que o mordomo é elogiado, não por seu caráter, nem por suas ações, mas "por haver procedido prudentemente" (v. 8). É sua sabedoria, ou, melhor, sua astúcia que é elogiada. Esse mordomo é apresentado a nós, não como um modelo de probidade ou como um exemplo ético, mas como um retrato da prudência. Portanto, é a astúcia do administrador que devemos imitar. E assim sendo, faríamos bem em perguntar de que maneira o mordomo foi astuto. A resposta é simples: ele usou os recursos que estavam à sua disposição por um período limitado de tempo para garantir sua bênção a longo prazo. Ele estava prestes a ser dispensado da sua mordomia. Os auditores foram convocados, e ele sabia muito bem que sua contabilidade não resistiria ao escrutínio deles. Alguns dias, no máximo, ou, provavelmente, apenas algumas horas estavam disponíveis para ele fazer provisões para o futuro. A qualquer momento, os ativos do seu mestre seriam retirados do seu controle, e ele não seria mais capaz de utilizálos para melhorar sua condição. A situação exigia uma atitude rápida e decisiva, e atitude rápida e decisiva foi o que o mordomo tomou. A urgência da situação é destacada para nós, em suas instruções ao devedor do seu senhor: “assentando-te já” (v. 6). No tempo cada vez menor à sua disposição, ele usou os recursos disponíveis para garantir seu futuro; é por isso que seu mestre o chama de "prudente". Como cristãos, nossa situação se assemelha à do mordomo de várias maneiras significativas. Assim como a ele, foram-nos confiados recursos que não são nossos. No contexto imediato da passagem, o foco é nos ativos financeiros, nossa riqueza. É importante não perder isso de vista; o nosso dinheiro não é nosso, mas é confiado a nós por Deus. E, como o mordomo, temos apenas um curto período de tempo para exercer nossa mordomia. Nenhum de nós sabe quando iremos ser chamados a dar conta de nossa mordomia, mas, mesmo que não seja agora, o tempo que resta a nós é curto – vai se dissipando; é desesperada e assustadoramente curto. E assim como o conforto material do mordomo 22