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6 Barroso Noticias de 17 de Dezembro de 2014 Quando o ph do organismo é alcalino, doenças como o cancro não podem existir UM PARÁGRAFO Um Parágrafo # 42 – Escrita Por entre todas as actividades que pressupõem solidão, sói dizerse que a escrita é a mais solitária delas todas. No entanto, resistimos sempre a embarcar em tudo o que nos dizem, principalmente quando são muitos a dizê-lo. Será que a escrita é assim uma atitude tão solitária? Será que o acto de transpor para o papel toda uma mistura de emoções e sentimentos, devidamente compactados nos requisitos habituais de cânones estabelecidos nos torna solitários? Muito provavelmente seremos impelidos a opinar que, afinal de contas, estamos perante uma acção que de solitária tem muito pouco. Quanto mais não seja porque, perante a multitude de emoções e pensamentos que vão aflorando constantemente à ponta dos dedos, a solidão está de tal forma acompanhada que de solitude tem muito pouco. Desvanece-se a áurea de misticismo que a enquadrou por breves instantes. Desceu a cortina sobre uma tragicomédia que se assumiu desde o início condenada ao fracasso por falta de enredo. Esfumaram-se os preconceitos escolásticos que tentavam impor uma hipérbole gasta e, naturalmente, sobredimensionada. Ao fim e ao cabo o acto de escrever não se torna uma assumpção tão óbvia de uma solidão mais ou menos desejada. Não te apetece estar só? Escreve… O Dr. Morter (U.S.A.) fez uma das maiores descobertas em diagnósticos médicos. Mas como esta descoberta não aumentava os lucros da indústria farmacêutica, passou por canais secundários, sem muita publicidade: descobriu, que quando o PH do organismo é ácido, doenças como o cancro, a diabetes e a esclerose múltipla prosperam. Tamb ém referiu que, quando o organismo é alcalino, as doenças desaparecem. Por isso, temos que tratar o PH do nosso organismo. As doenças ainda levam alguns anos a desenvolverem-se e, assim, há sempre tempo de recorrer a um homeopata, a um fito terapeuta ou a um naturopata. O corpo ácido pode ser devido a várias coisas: desidratação, stress mental e emocional, excesso de consumo de carne ou relacionada com uma deficiência nutricional. O que devemos fazer? _ Eliminar as toxinas que se instalam no organismo, ingerindo quantidade de nutrientes adequados através de vitaminas e de minerais; _ Reduzir a energia electromagnética, o stress, beber pelo menos um litro de água por dia; _ Fazer exercício físico e uma hora de marcha por dia, acompanhada de respiração bem funda; _ Alongar os músculos e tendões e fazer um jejum parcial de sete a dez dias; _Também devemos evitar beber água da torneira por ter muito cloro pois este pode ferir as artérias; não ingerir comida feita no micro ondas; _Evitar lacticínios homogeneizados e pasteurizados; _Aumentar o consumo diário de alho e amêndoas. Não se esqueça que os produtos convencionais de carnes vermelhas e brancas estão cheios de químicos e, por isso, consuma carnes biológicas. João Nuno Gusmão João Damião Um Conto de Natal Em tempos recuados, num povoado da zona do Rio, habitava uma família monoparental vegetando em condições de extrema pobreza, constituída pela mãe e pelos seus oito filhinhos, todos com idades muito próximas uns dos outros. O progenitor, desafogado lavrador, cuja paternidade nunca chegou a reconhecer, residia na mesma rua, alguns metros mais acima. Não só votou os seus filhos à mais atroz indiferença, como ainda proibiu os mesmos de manifestarem qualquer alusão a essa mesma relação paternal, tendo a desamparada mãe, assumido a espinhosa tarefa de assegurar a sobrevivência da sua plebe, sem qualquer tipo de recursos… Esfomeados, andrajosos e descalços, vagueavam pelas ruas da povoação na esperança de obterem alguma côdea de alguém condoído da sua sorte. Naqueles tempos, comportamentos como este eram muito correntes, em que proprietários de casas abastadas comportavam-se como autênticos senhores feudais para com os “servos da gleba”. O poder impõese e afirma-se de determinadas maneiras para atingir os fins em vista, a maioria das vezes de uma forma arbitrária em sociedades caracterizadas por grandes desigualdades económicas e sociais, e a maioria dos casos o que está intimamente associado ao exercício do poder? Desumanidade e um grande déficit de sensibilidade. A mais velha, de sua graça Clorinda, recém-entrada na adolescência, foi servir para casa de familiares, para os lados de Loivos. Aos seus irmãos também lhes coube o mesmo em sorte: eram colocados como criados de servir para assegurarem o seu sustento. A diáspora dos seus rebentos dilacerava o coração da pobre mãe. Com a aproximação das festas de fim de ano, Clorinda mandou dizer à sua mãe que iria passar a consoada e o dia de nascimento com a família, pois as saudades já eram tantas... O dia da partida amanheceu pardacento. No momento de se pôr a caminho já a neve caía com abundância, um vento malévolo, soprava do Gerês com ímpeto crescente, anunciador de maus presságios. A pequena Clorinda, contrariando os prudentes conselhos dos seus amos, aventurou-se à viagem; o apelo de rever os seus entes mais chegados falou mais alto: - Não vás, minha filha, olha como está o tempo, ameaça uma rija tempestade; vais correr perigo! Advertia a sua ama. Agasalhava-se com uma grosseira capa de burel e trazia calçados uns toscos socos fechados, cardados. Debaixo do braço levava uma cestinha com víveres que lhe tinham dado para a ceia de Natal. O dia tornava-se cada vez mais lôbrego, a neve caia com intensidade crescente. A rapariguinha fez-se à viagem e, com a emoção de rever a família, nem se apercebe do agravamento do tempo: - Isto não há-de ser nada, disse para consigo, no seu entusiasmo juvenil, num instantinho estou em casa, completou. Tomou a direcção de Vilaça. Farrapos de neve volteavam pelos ares, empurrados pela forte ventania que soprava dos lados do Gerês, fustigando com as copas do arvoredo. Uma vez por outra ouviase um baque surdo provocado por pequenas avalanches de neve, desprendendo-se dos galhos dos carvalhos e das bétulas, estatelando-se no solo. A miúdo, a viandante batia com os tamancos nas pedras dos muros para aliviar o peso da neve acumulada. A fadiga ia-se instalando à medida que a viagem prosseguia. Numa curva do caminho já se avista Vilaça: - Graças a Deus! Pensou a pequenita. Chegada aqui, um coro de vozes logo se fez ouvir: - Oh pobrezinha, com um temporal desta maneira, exclamavam, a cortar neve desde Paradela! Como deve estar cansadinha!... - Ficas em nossa casa, passas a consoada connosco. Pode ser muito perigoso atravessar o alto da touxegueira com um nevão MAPC destes! Não vás. A garotinha replicava: - Muito obrigada, não faz falta. A minha mãe está à minha espera, isto não há-de ser nada. Contudo foi cogitando consigo mesma: - Não sei se faço bem, talvez tenham razão. Sinto-me tão cansada… As saudades que eu tenho da minha mãe e dos meus irmãozinhos!… Clorinda era muito tímida, foi rejeitando sucessivamente todos os convites de hospitalidade. Mais uma vez não teve em atenção a voz do senso comum alertando-a para o perigo iminente que corria, um apelo indomável impelia-a para o lar materno. A neve tombava ininterruptamente descaracterizando as formas das coisas. O crepúsculo aproximavase furtivamente; era preciso apressar-se, tinha que subir a íngreme encosta do alto da Touxegueira, até à cumeada, última etapa e a mais temível da jornada. Estava um frio horrível. A ascensão tornava-se cada vez mais penosa e principiava a ficar entorpecida pelo frio. As suas forças estavam a chegar ao limite da sua resistência. De cada vez que levantava o pé para avançar era como se fizesse um esforço sobre-humano. A cestinha ficou já abandonada para trás. A des venturada criança suplicava: - Ó Senhor, dai-me forças, tende compaixão de mim, só quero chegar ao cimo, depois é mais fácil descer até Contim. Enternecia-se toda sempre que lhe ocorria a lembrança da família. A noite abateu-se num ápice. A borrasca redobrava de intensidade; consecutivas rajadas ululantes de vento e neve fustigavam impiedosamente aquele minúsculo vulto que já mal se podia mexer, perdido na imensidão daquela mortalha alva. A pobrezinha, semi- sufocada, prestes a desfalecer, ouviu um murmúrio junto à sua orelha: Clorinda…Clorinda… - A infortunada criança ainda retorquiu a custo: - Quem me chama… Quem é? - Ao que a voz replicou: - Sou eu, Tánatos, o emissário do Além, e vim para te levar comigo. Estou aqui para te aliviar dos teus padecimentos e canseiras. Quase a expirar e num último alento, a infeliz ainda conseguiu balbuciar: - Não quero ir contigo… Eu…só quero ir p’ra a minha…. O coração daquela desditosa mãe adivinhou a tragédia da sua filhinha, vezes sem conta assomou à cancela da porta da entrada, com o peito oprimido, na esperança de avistar o vulto da pequenita. Interrogava-se a si própria: - Aonde estarás tu meu anjo? - Contudo algo lhe dizia, quase uma certeza, que não mais a veria. Uma dor infinita apoderouse do coração daquela pobre Mater Dolorosa, transformando para sempre aquela santa noite, numa noite de sofrimento... Dizia-se que todos os anos, pelo mês de Dezembro, no lugar onde tombou a infeliz, floresciam tufos de campânulas mais alvas e imaculadas do que a neve! Repousa em paz angelical alma! José Fernando Dias de Moura