Barroso
Noticias de
15 de Novembro de 2014
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O Toque das Trindades
A Feira dos Santos de Montalegre
A Feira dos Santos de
Montalegre era, há bem poucos
anos atrás, o maior acontecimento
social das terras de Barroso. A
população do concelho e a de
outros concelhos limítrofes como
que aguardava o ano inteiro por
esta grandiosa realização. Com
datas estabelecidas (28 e 29 de
Outubro) e antecipadas à Feira
dos Santos de Chaves, com todo
o seu forte poderio económico,
rivalizava com esta, mas carregava
um cariz mais popular e de
mais proximidade. Chaves era
diferente, maior sem dúvida, mais
cosmopolita sobretudo devido
à forte presença espanhola da
Galiza.
Então, no primeiro dia da
Feira, a população do concelho
e arredores despejava-se toda
em Montalegre. Aqui chegada,
a maior parte depois de longa
caminhada, e de modo especial os
homens, aceso o cigarro, paravam
para apreciar todo o ambiente
à volta, mas logo aparecia um
velho conhecido e amigo para um
cumprimento efusivo e a conversa
de ocasião.
- Olha, olha, o “Vila da Ponte
sem vinho”
...
- Inda se arranja algum, se for
preciso, então como é que vais?
Era assim a saudação entre
o Fecheira, da Vila da Ponte, e o
Lopes, de Gralhas, lavradores,
velhos conhecidos.
No Toural que é hoje a Praça
do Município (ver imagem), na
Rua Direita e até ao Largo do
Pelourinho, homens e mulheres,
por vezes, misturados com os
animais vindos a pé das aldeias
em redor, atafulhavam
todo
aquele espaço. Vendedores e
vendedeiras de tudo, desde
mantelas, cobertores, colchas e
liteiros, farrapos de toda a espécie
a socos abertos de biqueira
dourada, bugigangas como gaitas
de sopro a boinas de pala e boinas
galegas, de porcelanas, de socos
e sapatos e chinelos a pacotes
de chocolate, rebuçados e piões
“dente de ouro”.
À volta das vacas barrosãs
lindos e nutridos bezerros, as juntas
de bois ricamente aprumadas
e aparautadas com coleiras
lustrosas expostas aos olhares dos
bezerreiros que, de terras distantes
do Minho, de chapéu na cabeça e
pau na mão direita, em conversa
pegada, passavam dum lado para
o outro em refinada observação.
Encostado ao carvalho da
Forca, lá estava o Quitério a servir
o copo e o canto de trigo. Sem
concorrência, era sempre a aviar,
sem apertões nem confusões por
parte dos muitos clientes à espera
de vez. Como em dia de Feira não
podia faltar nada, lá estava no topo
norte a pensão do Zé Maria e à
entrada da Rua Direita, na taberna
do Zé das Taças, os mais avisados
lá paravam para comer o bolo de
bacalhau mais uma taça de vinho
tinto de Vilar de Perdizes. Como
o espaço era exíguo, aquilo era
sempre a aviar a fazer lembrar a
Ginginha na Baixa de Lisboa, em
horas de ponta, e com rendimen ѽ