Barroso
Noticias de
16 de Outubro de 2014
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A demissão envergonhada
Acudam, por favor, acudam!
Não deixem que eu me demita.
Diz quem ouviu, na noite
Barrosã de 24 de setembro último,
que os gritos, mais do que pena,
metiam medo. Não se identificou,
até ao momento, o autor de
tão desesperado apelo, mas
desconfia-se.
Paulo Portas, líder do CDS/PP,
resolveu apresentar o, irrevogável,
pedido de demissão de Ministro
dos Negócios Estrangeiros ao
primeiro-ministro, num dia de
má memoria para os Portugueses.
Digo de má memória, pelos
elevados prejuízos económicos
que causou ao País, pelo descrédito
que provocou na classe política e
pela enorme instabilidade politico/
económica que causou, num
momento particularmente difícil
para Portugal.
Com esse pedido, irrevogável,
de demissão do Governo, Paulo
Portas, afinal, não pretendia
sair. O que queria era que não o
deixassem sair. E a verdade é que
acabou mesmo por ser promovido
a vice-primeiro ministro.
Lembram-se o que se disse
do pedido de demissão do Paulo
Portas? Lembram-se o que disse
o Partido Socialista sobre aquele
ato? Se não se lembram, uma
simples pesquisa no Google dálhes a resposta!
Foi, pois, com enorme
surpresa que fiquei a saber que
Fernando Rodrigues (o mesmo
que permitiu que dessem o seu
nome ao Parque dos Planetas,
violando, claramente, o regime
jurídico das autarquias locais,
que ele, como presidente da
Assembleia Municipal, deveria
fazer cumprir) foi eleito presidente
da comissão política concelhia
do Partido Socialista. E digo que
foi com enorme surpresa porque,
tal como aqui defendi em 18 de
novembro, num artigo relativo
à falta de transparência do
Município, esperava que ele se
demitisse do cargo de Presidente
da Assembleia Municipal ou que
o Partido Socialista de Montalegre,
no caso de ele o não fazer, lhe
retirasse a confiança política.
Acrescentava eu que alguém que
dá a Montalegre o “título” de
último classificado, em termos
de transparência, não pode,
obviamente, presidir à Assembleia
Municipal.
Ora, o PS/Montalegre, não
só, não lhe retirou a confiança
política, como resolveu elegêlo presidente da sua concelhia.
Porquê? Eis o mistério, que deve
ser estudado pelos melhores
académicos.
É verdade que Fernando
Rodrigues esteve na Câmara 24
longos anos. Mas que obra, digna
de relevo, nos deixou? À primeira
vista, nenhuma. Vejamos! Há dois
acontecimentos que deram, e dão,
nome a Montalegre: a feira do
fumeiro e a sexta-feira treze. Mas
nenhum deles está associado ao
Fernando Rodrigues. Com efeito,
o primeiro, que nasceu no tempo
do Dr. Pires (tal como o segundo),
é a cara do Orlando Alves e o
segundo é a cara do padre Fontes.
Do Fernando Rodrigues
o que é que recordamos? As
jantaradas (muitas e variadas),
a ponte da Assureira (aquela
que foi construída, em 2010, no
meio do monte e que serve coisa
nenhuma), a entrevista ao JN em
que afirmava que se demitia se
não fosse melhorada a estrada
Braga / Chaves (claro que a
estrada ainda hoje continua igual,
mas o homem não se demitiu),
o pavilhão multiusos (fechado
grande parte do ano, mas que
mensalmente deve custar uma
fortuna ao município), as piscinas
municipais (que apenas abrem
no mês de agosto. Precisamente
no mês em que deveriam estar
fechadas, para que se pudesse
potenciar o turismo junto das
várias barragens que existem
no Concelho), o monumento
aos contrabandistas de Vilar de
Perdizes (foi lá colocado um burro
no dia da visita presidencial, para
de seguida ser retirado e nunca
mais ser visto), a variante (cheia de
curvas, onde conseguiu colocar os
poste de iluminação entre a estrada
e os rails de proteção que, claro
está, não protegem coisíssima
nenhuma), as centenas de poste
de iluminação que colocou dentro
da Vila de Montalegre para, mais
tarde, mandar desligar as lâmpadas
(o preço de um só poste, dava para
pagar quantos lâmpadas ligadas e
durante quantos dias?), o Centro
Escolar de Montalegre (que não
tem um recreio fechado para que
as crianças possam descarregar as
energias em dia chuva ou frio, ou
seja, durante a maior parte do ano
escolar) ou as duas coberturas que
colocou entre o Centro Escolar e
a Secundária Bento da Cruz, que
custou cerca de 103 000€, e que
não servem para nada.
Foi por isso com surpresa,
repito, que soube da eleição
de Fernandes Rodrigues como
presidente da Comissão Política
Concelhia do PS. E como é que
soube? Não porque se falasse do
ato eleitoral, tal como se falou
das primárias, mas precisamente
pelo facto de se constar, “à boca
fechada”, que ele se demitiu, ou
que ameaçou demitir-se. Dizem
até as más-línguas, que foi uma
jogada à Paulo Portas. Será que
foi?
A verdade, essa, poucos a
sabem, o que é preocupante para o
estado da democracia Concelhia.
O que chegou aos meus
ouvidos foi que durante uma
ace