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Barroso Noticias de 16 de Outubro de 2014 11 Lares - «Santuários de Humanidade» Pe Vítor Pereira Nas últimas décadas, verificaram-se mudanças significativas na sociedade em que vivemos, em todos os âmbitos. Um dos que levantou novos desafios e novas dificuldades foi, e continua a ser, a vivência e o tratamento a dar à velhice. Desde muito cedo se percebeu que nesta sociedade do ativismo, da produção e do lucro, da eficácia e do pragmatismo, da correria louca e do consumismo, do comodismo e do bem-estar, do economicismo e do utilitarismo, da idolatria da juventude e da inovação, os mais velhos seriam forças, é uma fonte de sabedoria e experiência e um museu vivo da memória, imprescindível para um povo se compreender a si mesmo e se projetar no futuro. Se desprezamos a experiência, a sabedoria e a memória, como é que podemos ter futuro? Os idosos são as pessoas mais importantes de uma sociedade, dignos de todo o respeito e reverência. Um conjunto de fatores obrigaram a repensar a velhice. Destaco dois: o número reduzido de filhos na família e a qualificação educacional dos filhos. Há umas décadas atrás, muitas famílias viviam sobretudo da agricultura e da pecuária. Como estas exigiam mão-de-obra, os casais tinham muitos filhos, chegavam até aos dez ou doze, e até mais. Concluída a escola mínima, a lavoura era o destino da maioria dos filhos. Com o tempo, a vida ia proporcionando outras saídas e desafios. Aos poucos, os filhos abandonavam a casa paterna, mas ficava sempre um filho para cuidar dos pais e para organizar e cuidar da lavoura da casa. O pai e a mãe tinham a Um idoso, mais do que um ser humano frágil e sem forças, é uma fonte de sabedoria e experiência e um museu vivo da memória, imprescindível para um povo se compreender a si mesmo e se projetar no futuro. Se desprezamos a experiência, a sabedoria e a memória, como é que podemos ter futuro? Os idosos são as pessoas mais importantes de uma sociedade, dignos de todo o respeito e reverência o elo mais fraco. Não se disse à boca cheia, mas em surdina lá se foi pensando e dizendo que são um «estorvo» ou um «peso», nesta sociedade que não pode «perder tempo» com quem já não tem força e já deu o que tinha a dar. Ó pobre sociedade! Tenho para mim que a grandeza de um povo ou de uma sociedade se vê no tratamento e na importância que dão aos idosos. Diz muito dos valores que imperam e da qualidade das conceções de vida que fazem a trama de um povo ou de uma sociedade. Diz muito, sobretudo, do nível de humanização e de civilização de um povo. Um idoso, mais do que um ser humano frágil e sem honra e a alegria de chegar ao fim da vida, com toda a dignidade e com todo o carinho, no seu lar, com t Ց