Neurologia Manual para pessoas com Parkinson | Page 35
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Viver com a Doença
de Parkinson
6.1. O papel do cuidador e adaptação do domicílio
Miguel Fevereiro Alves Batista
O cuidador
A doença de Parkinson transforma, globalmente, a vida dos doentes e
familiares mais próximos. Esta doença tem que ser assumida em família,
cujo acompanhamento é essencial para a estabilidade emocional e aumento da autoestima do doente. Com a evolução da doença pode tornar-se
necessária a conjugação do acompanhamento familiar no seu todo com o
cuidador, que pode ser um familiar próximo ou um profissional. A família
mais próxima e o cuidador têm que estar rigorosamente informados sobre
a doença e sua possível evolução.
Além da organização e vigilância da medicação e ajuda nas dificuldades do momento, o cuidador tem que estar disponível para proporcionar
atenção, carinho, motivação, interpretação dos gestos e falas e ter a perceção da dor, ansiedade e frustração que as limitações causam ao doente,
ajudando-o a ultrapassá-las. Tem que estimular, sempre sob a orientação
e conhecimento do médico assistente, o exercício físico (fisioterapia) adequado e organizado por técnicos com experiência neste tipo de doenças,
atividades que mantenham a mente ativa e funcionante, terapia da fala ou
quaisquer outras ocupações, que ajudem e deixem o doente mais robusto
no seu todo e mais preparado para o futuro, quer física quer psicologicamente.
Não deve ser quebrada a vida de relação com os amigos, a manutenção
dos interesses e hobbies, a realização de atividades fora de casa, não só em
relação ao exercício físico, mas, e segundo os interesses do doente, idas ao
cinema, teatro, exposições ou quaisquer outras atividades, que sejam do
agrado e estejam de acordo com as capacidades e limitações do doente.
O cuidador deverá proporcionar uma vida o mais normal possível, não
o deixando isolar-se da sua comunidade e isto só se poderá verificar se o
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