MUNDANO Mag №01 | Page 42

PARA PENSAR INDIVIDUALISMO NÃO É TÃO RUIM QUANTO PARECE Texto: Caroline Nogueira Já ouviu aquela história de que ser individualista é muito ruim e que precisamos pensar nos outros? Muito bem, e se isso não estiver completamente certo? O exercício de olhar para dentro é mais difícil do que parece, talvez por isso alguns digam que ser individualista é algo ruim. Na verdade dói e ficamos expostos a nós mesmos, sem rótulos, completamente desnudos. Ser individualista é exalar o que sentimos sem necessariamente gritar para o mundo. Se não sentirmos amor, principalmente amor próprio, não seremos capazes de amar ninguém. Se não respeitarmos a nós mesmo, não respeitaremos ninguém. Se não tivermos bondade dentro dos nossos corações, jamais faremos qualquer ato de bondade de verdade. Ser individualista é ser verdadeiro com você mesmo, admitir seus erros, defeitos, preconceitos e tentar conviver com tudo isso da melhor forma possível. Somos falhos e sempre seremos. É ter alteridade, ou seja, se colocar no lugar do outro, tentar ver com os olhos do outro sem precisar tomar determinado sentimento ou crença para sua vida. Tenha suas opiniões, escute a dos outros e esteja sempre pronto a mudar quando necessário ou quando sua vida tomar um caminho diferente do que você sempre esperou. As escolhas próprias estarão sempre nos assombrando, mas fatores externos estarão sempre presentes. Ser individualista é ter plena consciência que nenhum ser vivo nessa terra irá sentir exatamente o que você sente e, respeitar isso. Cada um tem sua história de vida, suas experiências, traumas, crenças, valores e maneiras de ver o mundo. Se não gosta de alguma coisa, seja lá qual for, simplesmente se afaste e viva. Não tem segredo. É extremamente natural que nos toquemos com coisas que nos interessa. E nem por isso há monstruosidade nesse sentimento tão humano. Melhor do que impor qualquer visão, é convencer com bons exemplos. Ninguém precisa acreditar e sentir as mesmas coisas que você, mesmo porque nem na questão biológica somos iguais, por que deveríamos acreditar e gostar das mesmas músicas, livros, filmes, cores...? O grande Oscar Wilde já dizia “A arte é a forma mais intensa de individualismo que o mundo já conheceu.”. Imagina se o artista não colocasse sua própria visão sobre tantos temas, perderíamos muitas obras fantásticas e grandes clássicos. Assim como empatia não é alteridade, respeitar não é aceitar, individualismo não é egoísmo. Pense sim no próximo, mas não sem antes ter algo para trocar com ele e, nem tente abraçar o mundo, nada é mais falso do que tentar agradar a todos. Quando olhamos mais para nós mesmo, o hábito de olhar o outro vai se tornando cada menos corriqueiro e os julgamos ficam só no campo das opiniões. Tome sempre cuidado, todo mundo é muita gente e o pensamento coletivo é bastante perigoso ou muitas vezes raso. Pensar no outro é ser livre o suficiente para respeita-lo e não deixar de ser você, seja lá quem for. Pois não somos iguais - seremos sempre semelhantes. MUNDANO mag 42