Muitas Mãos: Antologia Literária 2014 | Page 35

VICENTE AMORIM VILLAÇA – RERK Eu tinha um amigo unicórnio na época da faculdade que fazia exercícios anaeróbicos. Um rapaz deveras esbelto, que retinha suas tetas flácidas no liquidificador. Ouvindo o hino do Cazaquistão, cantava aos poucos a canção da Chica Pelega. Era um processo lento e de anos, mas sua voz emitia gemidos claros, clássicos e lúcidos, que queimavam no ovo da verdade. “Me chamo Rerk, e essa é a minha história” – Dizia sempre. Ele era engraçado, pena que queimaram ele em uma churrasqueira. Que descanse em pás e em paz. Um belo trocadilho, digno do Rerk. Mas ele era babaca. Nunca me apeguei a ele, embora eu tenha me apaixonado por ele certa vez. Tempos obscuros... 35