CECILIA MARTINS – HERANÇA
Foi à loja comprar um terno para a ocasião especial. Um traje belo, para
chamar a atenção. O terno, preto e igual a todos os outros, foi o que mais lhe agradou.
O que ele viu nele não se sabe, mas achava aquele terno sem graça a coisa mais linda
que seus olhos já haviam encontrado. Quando chegou, esperou que todos o olhassem
e admirassem, mas ninguém se encantou pelo terno como ele.
Em todas as suas próximas festas, usou aquele mesmo terno e, ao morrer,
deixou-o para seu filho, que também o admirava.
Não se sabe de onde o terno veio, só que ele nunca se desfez. Passando de
geração em geração, os homens daquela família usaram sempre o mesmo terno: o
terno sempiterno.
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