ALINE CARDOSO DE OLIVEIRA – A HISTÓRIA DELA
A menina caminhava pelo bairro, sem rumo ou foco. Nada à sua volta estava
perceptível e nem ela mesma sabia o que passava em sua mente naquele momento.
Após alguns instantes ou muitos minutos – não saberia dizer, não que fizesse alguma
diferença – olhou para frente e percebeu que se encontrava em uma praça
parcialmente abandonada, onde só os moradores mais próximos saíam uma vez ou
outra para levar seus cachorros em um curto e chato passeio. Olhando para frente, a
poucos centímetros de seu rosto, na realidade, havia um tronco velho e enrugado. Era
uma árvore muito, mas muito antiga e com certeza mais que a própria praça. Sentouse ali mesmo e, com o passar do tempo, começou a pensar que jamais havia amado de
verdade. Não que as pessoas em sua vida não fossem importantes, com certeza eram,
e até poderia ser por esse motivo que a falta de amor lhe fazia tanta falta. Ali,
debruçada no tronco robusto da árvore, a menina desejou com todas as forças
conhecer o amor. Fechou os olhos lentamente e naquele lugar sentiu absolutamente
tudo o que a árvore havia sentido sua vida inteira. Era como se todas as brisas, todos
os pássaros, todas as bolas e gotas de chuva que ali tocaram agora fizessem parte do
seu passado. A menina, aos pés da árvore, foi lenta e prazerosamente definhando até o
momento em que passou a alimentar-se do sol.
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