CLENA TECAVADI – TERRA REVIRADA, LEMBRANÇAS ABANDONADAS
O dia já começava a escurecer e ele decidiu parar o carro. O ronco do motor
se extinguiu e o silêncio tomou conta da estrada deserta. Raivoso, segurou o volante
com toda a sua força, resmungou algumas palavras inaudíveis e finalmente deixou
que seus braços caíssem ao lado de seu corpo. Abriu a porta do carro e, assim que
colocou o pé para fora, sentiu o ar pesado e frio tomar conta dele. Seu cabelo preto se
rebelava no vento, ao mesmo tempo que sua alma se inquietava. Respirar havia se
tornado uma tarefa árdua, primeiramente pelo ar rarefeito e depois por ter que lutar
contra seu ímpeto de fugir do local o mais depressa possível.
Contornou o automóvel e abriu a porta traseira. A poeira da viagem sujara-a,
fazendo com que agora seus dedos estivessem pintados de terra. Retirou o pacote
volumoso de dentro e jogou-o sobre as costas. A idade não ajudava em nada e a dor
em suas costas era praticamente insuportável naquele momento. Com a mão livre que
restava, pegou uma mochila marrom antes de trancar o carro. Ouviu-se um estrondo e
assim que o senhor atingiu o limite da floresta, uma chuva fina e gelada açoitou o
calçamento. Mesmo com as árvores para protegê-lo, a única mecha de cabelo loiro
que contrastava com o terno preto do homem foi molhada.
Algumas horas se passaram e como a chuva havia acabado, as estrelas e a lua
tomaram conta do céu noturno. Chegando a