Minha primeira Revista Et(h)er dos Dias | Page 4

sustentável

por

João Armando

Uma casa para sustentar

Ouvimos em rodas de amigos, muitas vezes em jeito de brincadeira a expressão “Tenho uma casa para sustentar…”. Na maior parte das vezes é usada quando alguém quer dizer que não pode desperdiçar os seus recursos pois vai precisar deles para conseguir responder às necessidades da sua família. Estas podem ser as mais básicas como a alimentação, o vestuário, a própria habitação. Mas depois as necessidades legitimamente aumentam: transportes, férias, tecnologia, equipamentos… E se a família aumentar, tudo isto se multiplica.

É isto que está a acontecer a esta “bola” pendurada no Universo, a que chamamos Terra. E que acaba por ser a “casa” de 7 biliões de pessoas…para já (até ao final do século deverão ser mais de 10 biliões). E numa sociedade onde o consumo é usado como motor da economia é normal que cada vez mais necessidades não-básicas sejam criadas. E outras, que não eram básicas, o passem a ser (imagine-se o que aconteceria se deixasse de haver Internet).

É fácil perceber que não é possível crescer indefinidamente em população e necessidades porque esta “bola” é finita. E os recursos que contém também. O que significa que se gastarmos tudo agora (ou no curto prazo), os que vierem a seguir a nós não vão ter nada (ou não vão ter o suficiente). É este o conceito de desenvolvimento sustentável: “o desenvolvimento que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades”. Trata-se pois não apenas de um problema de natureza ambiental (e do seu conflito com o crescimento económico que todos perseguem por ser gerador de riqueza) mas também de justiça social (porque é que as gerações atuais têm de ser privilegiadas relativamente às que se seguem?). Por isso se diz que o desenvolvimento sustentável assenta nessas 3 dimensões: ambiental, económica e social.

Há mais de 40 anos que se começou a perceber que, a seguir pelo caminho do crescimento puro e duro, bem cedo não conseguiríamos “sustentar a casa”. Entretanto a coisa agravou, claro. Será que a tomada de consciência atual, à escala global, será suficiente? É que o risco é que os nossos filhos ou netos fiquem sem casa.

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