Military Review Edição Brasileira Quarto Trimestre 2016 | Page 92

em particular a Liga Comunistas da Juventude (LCJ)
paramilitar — composta predominantemente de combatentes que foram transferidos e passados por “uma
transformação” — para realizar esses ataques11.
Os maoístas foram eficazes até o ponto que conseguiram controlar eleições e duas vezes assumiram
o posto de primeiro-ministro, que permitiu que o seu
partido neutralizasse ainda mais a resistência sobrando
dentro das forças de segurança desmoralizadas, expandisse a sua influência e solidificasse as suas finanças.
Embora as estatísticas não tenham sido oficialmente
tabuladas, o número de
vítimas durante o período de “paz” parece ser
na casa dos milhares, a
maioria agredida em vez
de morta12. Há pouco que
um cidadão antimaoísta
possa fazer ou esperar em
relação a sua proteção ou
a dos seus bens. O Estado
exibe indiferença ou
incapacidade para com as
necessidades de segurança do povo, mas o Nepal
está, oficialmente, em paz.

A Conversão de
Ganhos Militares
em Soluções
Políticas

(Rodrigo Abd, Associated Press)

Integrantes da 36a Frente das FARC andam a um novo campo no Departamento de Antioquia, no
noroeste dos Andes da Colômbia, 6 Jan 16. Os grandes campos de guerrilhas são coisa do passado;
agora os rebeldes se movem em grupos menores. A 36a Frente consiste em 22 combatentes, quatro
comandantes e dois cachorros. A pressão militar, social e política constantes exercidas pelo governo
colombiano contra as FARC, por mais de uma década, junto com a perda de apoio velado da Venezuela, têm reduzido muito o âmbito geográfico da influência das FARC.

Sobre o assunto da
paz, Santo Agostinho escreveu, “Não há ninguém
que não ame a paz... é
para a paz que os homens
travam a guerra e até os bandoleiros buscam manter a
paz com os seus camaradas”13. As implicações para a
Colômbia são óbvias. Como um termo ambíguo, a “paz”
não é inerentemente auspiciosa. Para ser celebrada, precisa fazer mais do que prover um caminho desimpedido
para o poder às organizações ilegítimas. Taticamente,
alguns atores predatórios talvez necessitem incentivos
para não destruir a paz, mas estrategicamente, a paz
precisa refletir um compromisso com ideais mais elevados, beneficiando o sistema político mais do que os seus
participantes mais violentos. Isso, por sua vez, exige
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uma visão comum do futuro do país, uma visão que
possa preencher as lacunas ideológicas e reunir as elites
belicosas. É duvidoso que a Colômbia tenha atingido
esse ponto, no mínimo devido à ideologia revolucionária inflexível que sustenta a luta das FARC e a sua
abordagem estratégica enganosa.
Em El Salvador, levou uma década de conflito e
mudanças políticas fundamentais para unir a Frente
Farabundo Martí para a Libertação Nacional (FMLN)
e o governo na busca da paz. Depois da deflagração
da guerra em 1981, os dois lados se encontraram pela

primeira vez em 1984, e mais uma vez em setembro de
1989, para discutir a paz. Ambas as vezes, uma grande
distância separava os lados, e nenhum dos dois se sentiu
compelido a comprometer-se militarmente. Em La
Palma, em 1984, a FMLN foi incisiva em lembrar ao
governo que ainda “mantinha controle de um terço do
território nacional (sic), tinha muito apoio popular nas
cidades e no interior, mantinha as suas próprias forças
armadas e contavam com apoio e reconhecimento
da comunidade internacional”14. Confiante, a FMLN
postulou inclusão no governo como uma pré-condição
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