Military Review Edição Brasileira Quarto Trimestre 2016 | Page 78

busquem substituir o discernimento e tomada de decisões humanos. O entendimento situacional cibernético deve proporcionar entendimento, mas cabe aos comandantes e estados-maiores táticos discernir como agir a partir dele. Quinto, e último, o Exército dos EUA precisa pensar em formas de inovar e reformular, gradualmente, um processo de aquisições restritivo. Os documentos de requisitos cibernéticos do Exército devem buscar incentivar a inovação descrevendo um modelo abrangente, apoiado em sólidos conceitos doutrinários, que possa ser desenvolvido com o tempo por meio de sucessivas compilações de software29. Esse é, na verdade, o objetivo do modelo IT-Box. O desafio é, portanto, identificar os aspectos do entendimento situacional cibernético que logo ficarão obsoletos e torná-los modulares, para que possam ser rapidamente substituídos pelas últimas inovações. Além disso, os desenvolvedores de capacidades do Exército precisam decidir se o entendimento situacional cibernético será conjugado com outros sistemas, existentes ou propostos, ou se permanecerá puro. Combinar vários sistemas aumenta o risco de que eles fiquem presos durante anos na fase de desenvolvimento. Enquanto isso, o Exército não estará mais próximo de obter uma capacidade de entendimento situacional cibernético do que em 2013, quando a Análise Baseada em Capacidades (Capabilities Based Assessment) das Operações Cibernéticas do Exército indicou que sua principal deficiência estava no entendimento situacional dos comandantes30. Conclusão Os outros times podem nos causar problemas se vencerem31. —Yogi Berra Ainda que vários recursos ajudem, atualmente, a fornecer o entendimento situacional cibernético, o Exército dos EUA não conta com um esforço bem coordenado de desenvolvimento de capacidades para definir e reunir os requisitos relacionados a essa área. Embora ofereça alternativas de desenvolvimento de capacidades com prazos menores, o processo do JCIDS continua sendo inadequado, ao que parece, conforme evidenciado pela incapacidade do Exército dos EUA em alcançar a aprovação de documentos do JCIDS relacionados ao entendimento situacional cibernético ou a qualquer outra capacidade cibernética32. Qualquer que seja o caso, os comandantes não podem continuar a abrir mão de importantes decisões operacionais sobre seu ambiente operacional por não contarem com o entendimento situacional do domínio. O entendimento situacional cibernético pode acabar não consistindo em uma ferramenta ou sistema independente. Ao contrário, a solução pode ser uma combinação de várias capacidades facilitadoras do entendimento situacional. Portanto, o Exército dos EUA talvez ganhe mais com um sistema improvisado que lhe conceda algum entendimento situacional cibernético hoje que com um sistema que resolva tudo e prometa o mundo amanhã. Muitos dos inimigos dos EUA não enfrentam uma burocracia e um problema de compartimentação de informações que prejudiquem sua capacidade para empregar novas tecnologias em combate. Assim, enquanto os desenvolvedores de capacidades do Exército dos EUA estiverem definindo necessidades, analisando alternativas e executando o processo de documentação e aprovação do JCIDS, os adversários potenciais vencerão a concorrência cibernética utilizando tecnologias comerciais amplamente disponíveis. Para conseguir virar a situação, o Exército dos EUA precisa de uma jogada revolucionária; porque, convenhamos: “O futuro já não é mais como era antes”33. O Tenente-Coronel William Jay Martin, da reserva remunerada da Força Aérea dos EUA, é analista militar sênior da empresa Command Decision Systems & Solutions, Inc. Concluiu o bacharelado na University of Delaware e o mestrado na Louisiana Tech University. Formou-se pela U.S. Air Force Weapons School, Air Force Air Command and Staff College e Joint Forces Staff College. Emily Kaemmer é analista militar sênior da empresa Command Decision Systems & Solutions, Inc., sendo especializada no desenvolvimento de capacidades cibernéticas do Exército dos EUA. 76 Quarto Trimestre 2016  MILITARY REVIEW