Military Review Edição Brasileira Quarto Trimestre 2016 | Page 67

INOVAÇÃO CIBERNÉTICA capitães , que serviam no Instituto Cibernético do Exército , da Academia Militar dos EUA , em West Point , Estado de Nova York , escreveram no blog War on the Rocks que as Forças Armadas dos EUA precisavam de um processo de inovação aberta . Opinaram que os processos de aquisições militares existentes não estão à altura das atuais e futuras ameaças cibernéticas , que geram a necessidade de que as Forças Armadas implementem respostas inovadoras rapidamente2 .
Estamos em meio a uma transformação na condução da guerra . No passado , os comandantes utilizavam a informação para moldar as operações . Atualmente , vemos como os ambientes informacional e operacional têm elementos em comum e , em alguns casos , coincidem totalmente . Na Ucrânia , a Rússia dominou o espectro eletromagnético , interrompendo as comunicações militares ucranianas , geolocalizando batalhões ucranianos com veículos aéreos não tripulados e , em seguida , destruindo-os com ataques de artilharia devastadores3 . Os russos também desligaram os computadores de distribuição de eletricidade da Ucrânia e atacaram as linhas telefônicas para impedir que os clientes ligassem para informar a falta de energia4 .
Quiçá ainda mais importante : os adversários estão utilizando as mídias sociais de modo mais efetivo que as forças dos EUA para moldar a percepção do público e facilitar operações militares . Por exemplo , o predomínio do governo russo sobre as mídias sociais tem determinado quais informações estão disponíveis aos cidadãos russos e onde eles as obtêm . Da mesma forma , o Estado Islâmico explora as mídias sociais como uma arma estratégica para moldar a narrativa pública e para recrutar e levantar fundos . Esse uso crescente da guerra eletrônica ( GE ), guerra cibernética ( G Ciber ) e operações de informação ( Op Info ) na guerra híbrida indica a necessidade de valorizar a inovação nas operações cibernéticas ( Op Ciber ).
O Exército dos EUA está perdendo terreno diariamente por não explorar as inovações de seus adversários e do segmento civil . O setor cibernético do Exército dos EUA , como a maioria dos outros , vem assistindo à necessidade de mudanças paradigmáticas no modo pelo qual os líderes contemplam , facilitam e promovem a inovação . É preciso reexaminar como o Exército inova internamente ao mesmo tempo que explora a indústria de novas formas para inovar utilizando soluções externas . Os velhos modelos estão obsoletos , e o que se vê no ciberespaço faz com que essas mudanças paradigmáticas sejam um imperativo para as Forças Armadas como um todo .
Conforme demonstram Chapman , Hutchinson e Waage , o Exército dos EUA possui o talento que pode proporcionar o caminho para a inovação . Os comandantes precisam utilizar esse talento interno para desenvolver uma cultura de inovação que assegure o êxito das missões atuais e futuras . Para enfrentar os desafios de ambientes informacionais e operacionais complexos e em constante evolução , faz-se necessário examinar muitos de nossos próprios paradigmas para como lidamos com a inovação em toda a Força .
Definição de Inovação
Em novembro de 2014 , o então Secretário de Defesa dos EUA , Chuck Hagel , anunciou a Iniciativa de Inovação da Defesa , a fim de destacar a necessidade de que o Departamento adote práticas e meios inovadores de operar em ambientes cada vez mais contestados . Hagel observou : “ Estamos entrando em uma era em que a superioridade norte-americana em importantes áreas bélicas vem se desgastando , e precisamos encontrar formas novas e criativas para manter e , em algumas áreas , ampliar nossas vantagens , mesmo enquanto lidamos com recursos mais limitados ” 5 . O atual Secretário de Defesa Ash Carter tem conservado esse impulso . O Departamento de Defesa continua a ampliar esforços de cooperação com o Vale do Silício por meio de iniciativas como a Unidade Experimental de Inovação da Defesa ( Defense Innovation Unit – Experimental — DIUx ), que busca criar e fortalecer relacionamentos com inventores novos e já conhecidos6 . Com isso , o Secretário ressalta que muitas inovações militares podem e devem proceder de nossos parceiros na indústria .
Em vários aspectos , “ inovação ” tornou-se um termo vago , que descreve tudo que seja novo , de automóveis a colchões . A inovação é , simplesmente , qualquer coisa nova e útil que se implemente . Geoffrey A . Moore descreve a inovação de aplicações como a “ criação de diferenciação por meio da identificação e exploração de uma nova aplicação ou emprego para uma tecnologia existente ” 7 . Enquanto isso , Elaine Dundon fala da “ implementação proveitosa de criatividade estratégica ” 8 . No caso das Op Ciber , oferecemos a seguinte
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