Military Review Edição Brasileira Quarto Trimestre 2016 | Page 102
(Foto de International Military Forums)
O Alte Esq James L. Jones, do CFN dos EUA, Comandante Supremo das Forças Aliadas, Europa, dirige-se a militares belgas da Força de
Reação da OTAN durante o Exercício Steadfast Jaguar, em São Vicente, Cabo Verde, 22 Fev 06. Jones é fluente em francês por ter passado a maior parte de sua infância em Paris, onde seu pai trabalhava para a empresa International Harvester. Além disso, aperfeiçoou suas
habilidades em relações exteriores formando-se pela Escola de Serviço no Estrangeiro da Georgetown University.
desventuras dos EUA no Vietnã nos anos 60; no Líbano
nos anos 80; e no Oriente Médio atualmente3.
Os custos do fracasso persistem durante décadas,
quando não mais que isso. A ignomínia do Vietnã ainda perdura. El Salvador e Honduras se deterioraram
social e economicamente, chegando a um estado de
quase total anarquia após as intervenções fracassadas
dos EUA4.
A ignorância tampouco pode ser neutralizada pela
arrogância. A lendária Gertrude Bell, uma funcionária colonial britânica que, um século atrás, tornou-se
indispensável em um mundo de homens, observou,
acertadamente, com respeito ao controle britânico
sobre o que viria a ser o Iraque: “É possível persuadir
as pessoas a ficarem do seu lado quando nem sabe ao
certo se, no final das contas, estará lá para tomar o lado
delas?”5 Essas foram palavras proféticas. Enquanto
o Kaiser Guilherme II planejava a ferrovia que ligaria Berlim a Bagdá, Bell se empenhava em conhecer,
intimamente, uma grande parte da Arábia, das áreas
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mais remotas da Síria às águas do Golfo Pérsico.
Fluente em persa e árabe — bem como alemão e
francês — contava com um conhecimento excepcional da história regional. Foi, ainda, a primeira mulher
a formar-se com distinção pela Oxford University.
Devido às convenções da época, as mulheres não
podiam matricular-se ou formar-se por uma universidade antes de 1920. Não preparar as melhores pessoas
que um país tenha a oferecer, independentemente do
gênero, foi uma falta de visão de futuro e, em última
análise, algo contrário ao interesse nacional.
Por essas e uma infinidade de outras razões, os EUA
precisam exigir que seus oficiais habitem os bastiões
do ensino avançado, em que os inúmeros caprichos e
inclinações do que se denomina humanidade possam
ser estudados e analisados. Só assim as Forças Armadas
da nação poderão executar, efetivamente, sua principal
função na sociedade. Negligenciar essa obrigação seria
algo anacrônico. Além disso, seria uma aposta arriscada
com o futuro.
Quarto Trimestre 2016 MILITARY REVIEW