Military Review Edição Brasileira Março-Abril 2014 | Page 87
defesa cibernética
Tanto os atores estatais quanto os não
estatais possuem a capacidade e a intenção
de conduzir a espionagem cibernética e,
potencialmente, ataques cibernéticos contra
os EUA, com a possibilidade de graves efeitos
sobre as operações militares e o território
norte-americano1.
O ex-Secretário de Defesa, Leon Panetta, apresentou uma avaliação clara sobre o risco desses
ataques em um discurso proferido em 12 Out 12:
Esses ataques marcam um agravamento
significativo da ameaça cibernética, renovando preocupações de que cenários ainda
mais destrutivos possam ocorrer. Sabemos,
por exemplo, que atores cibernéticos estrangeiros vêm sondando redes de infraestrutura
crítica dos EUA. Eles têm visado os sistemas
de controle computacionais que operam
estações químicas, elétricas e de tratamento
de água, assim como os sistemas que regulam
o transporte em todo o país.
Sabemos de casos específicos em que
intrusos obtiveram acesso a esses sistemas
de controle. Também sabemos que eles vêm
tentando criar ferramentas avançadas para
atacar esses sistemas e provocar pânico,
destruição e até mesmo a perda de vidas
humanas2.
Ainda que a liderança nacional tenha identificado o risco, manifestado preocupação e
começado a alocar recursos para melhorar a
defesa cibernética do país, outros consideram
como sendo mínima a probabilidade de uma
guerra cibernética. Um dos principais argumentos
contra a possibilidade de uma futura guerra cibernética consiste na premissa de que um ataque
desses não provocaria danos de longo prazo3. Esse
argumento baseia-se em uma marginalização dos
ataques cibernéticos como sendo interrupções
intermitentes de computadores clientes por
meio de programas rudimentares de software
malicioso, que geram caos temporariamente4. A
impressão é que os danos se restringem às redes
de computadores atacadas, e não ao ambiente
externo, que delas depende. Entretanto, as preocupações expressas pelo ex-Secretário de Defesa
Military Review • Março-Abril 2014
Leon Panetta, baseadas na observação feita pelo
Presidente Obama, transmitem uma percepção
mais ampla e holística quanto a potenciais danos
além das redes de computadores.
Neste artigo, apresentamos um argumento claro
de que a guerra cibernética pode infligir danos
contínuos à sociedade visada, além da destruição de uma rede de computadores específica.
As consequências ambientais de longo prazo
de uma derrota em uma guerra cibernética e de
uma falha na defesa cibernética nacional não
têm sido devidamente consideradas. Os estudos
intensos sobre segurança cibernética conduzidos
na última década, com seu foco nas redes e em
sua segurança, não trataram do risco para ambientes físicos que dependam de redes controladas
ciberneticamente5.
O Conceito de Guerra Ci