Military Review Edição Brasileira Julho-Setembro 2016 | Page 83
Os Fatores
Sociais e o
Domínio
Humano
Maj Brian Hildebrand, Guarda
Nacional do Exército dos EUA
(Foto de Peter Andrews, Reuters)
Militares egípcios em cima de uma viatura blindada oram junto
com os manifestantes pró-democracia durante uma manifestação
contra o governo em 25 Fev 11, na Praça Tahrir, no Cairo, Egito.
Centenas de egípcios participaram da manifestação, exigindo o
fim de um prolongado estado de emergência e a renúncia do
gabinete ministerial.
O
Exército dos Estados Unidos da América
(EUA) conduz operações por meio do
Comando de Missão1. Os comandantes utilizam o Comando de Missão, tanto como uma função
de combate quanto como uma filosofia, para projetar
o poderio militar, a fim de cumprir objetivos políticos
e militares. Exercido no contexto do poder terrestre
estratégico, o Comando de Missão ajuda a criar condições propícias para derrotar um inimigo ou estabilizar
uma região2. Forjado em combinação com o desenvolvimento de líderes, o Comando de Missão explora o potencial, o conhecimento e a experiência de cada militar
para obter o êxito operacional e tático3. Contudo, independentemente de como ele seja usado, o Comando de
Missão está vinculado ao domínio humano.
O conceito de que a guerra é um empreendimento
humano persistiu através de várias épocas4. Apesar da
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famosa afirmação de Clausewitz de que a “guerra é meramente a continuação da política por outros meios”, não
há como negar o fato de que, em sua essência, a guerra é
humana5. Contudo, talvez nunca se alcance uma compreensão plena do domínio humano, em virtude da complexidade decorrente da natureza enigmática da própria
humanidade. As obras de John Dewey, filósofo pragmatista norte-americano do século XX, contribuem com
algumas ideias, que ajudam a entender melhor a questão. Dewey reflete sobre a experiência, a vida diária, a
correlação entre conhecimento e ação e os valores, a fim
de promover a conscientização sobre o domínio humano.
Sugere, ainda: “toda conduta humana deliberada, toda
conduta humana planejada, pessoal e coletiva, parece ser
influenciada, quando não controlada, por estimativas do
valor ou importância dos fins a serem atingidos”6.
Aplicando-se essa ideia ao emprego prático do
Comando de Missão, o êxito depende, em todos os
escalões, de que os comandantes o utilizem para afetar
o domínio humano. O modo exato pelo qual o Exército
dos EUA utiliza a ação decisiva por meio do Comando
de Missão para vencer apoia-se fortemente na capacidade de seus comandantes para integrar técnicas de
análise de diferentes aspectos do domínio humano ao
processo decisório militar (military decision making
process — MDMP), a fim de obter entendimento. Este
artigo descreve uma dessas técnicas.
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