Military Review Edição Brasileira Julho-Setembro 2016 | Page 75
FORÇA CIBERNÉTICA
se preocupe com o combate marítimo. O Corpo de
Fuzileiros Navais (CFN) desenvolve a sua perícia ao
preencher a lacuna entre a terra e o mar.
Embora possua algumas características muito diferentes dos domínios físicos, o ciberespaço tem emergido recentemente como um domínio independente
que exige a sua própria perícia militar. Com as nações
buscando obter vantagens nesse novo domínio, a competição dentro do ciberespaço já assumiu muitas das
características de guerra e, atualmente, exige o mesmo
nível de perícia que é necessário para vencer guerras
no mundo físico. As Forças Armadas precisam de uma
Força Cibernética dos EUA independente, equivalente
ao Exército, à Marinha, à Força Aérea e ao Corpo de
Fuzileiros Navais, para se concentrar no domínio do
ciberespaço.
A Abordagem Atual ao Ciberespaço
As Forças Armadas não têm estado inativas
durante o advento e o desenvolvimento do ciberespaço e da guerra cibernética. O Departamento de
Defesa estabeleceu o Comando Cibernético dos EUA
(CYBERCOM), em 2009, como um quartel-general
conjunto para coordenar os esforços do departamento no ciberespaço. Integrantes de todas as Forças
Singulares se unem dentro do CYBERCOM para abordar as ameaças ao ciberespaço. Uma parte do orçamento do Departamento de Defesa é diretamente alocada
ao CYBERCOM, e alguns dos seus recursos são provenientes das Forças Singulares. Sob o CYBERCOM,
cada Força Singular estabeleceu um comando do
componente (e.g., o Comando Cibernético do Exército
ou o Comando Cibernético da Esquadra) para apoiar
os esforços do Departamento de Defesa no ciberespaço.
A importância emergente do ciberespaço, com certeza,
justifica cada uma dessas ações. Contudo, o fato de cada
Força Singular dedicar uma fração da sua atenção ao
ciberespaço garante apenas dois resultados: elas estão se
desviando dos seus papéis tradicionais de combate nos
domínios físicos e os esforços no ciberespaço são ineficientes (na melhor das hipóteses), incoerentes (provável) ou fratricidas (no pior dos casos). Atualmente, essa
ineficiência não é uma grande preocupação e resulta,
principalmente, em frustração burocrática. No entanto,
quando os riscos aumentarem e os guerreiros cibernéticos dos EUA precisarem provar que são melhores que
seus adversários, essas ineficiências não serão toleradas.
MILITARY REVIEW Julho-Setembro 2016
A abordagem atual (com cada Força Singular
contribuindo para o esforço conjunto do controle do
ciberespaço) não é apenas ineficiente, mas também
desnecessária. Uma operação no ciberespaço é predominantemente autônoma da plataforma ou do domínio
físico pelo qual o guerreiro cibernético acessa o ciberespaço. O raciocínio empregado ou a vulnerabilidade da
rede explorada pelo guerreiro cibernético são os mesmos se forem executados na ponte de comando de um
navio-aeródromo, dentro da barriga de uma aeronave
de comando e controle ou em uma escrivaninha com ar
condicionado de um complexo comercial.
Decisiva em uma operação no ciberespaço é a exploração das vulnerabilidades do sistema do adversário
antes que ele possa identificar e mitigá-las (e vice-versa). Quando considerado nesse contexto, os guerreiros
cibernéticos da Marinha e da Força Aérea compartilham mais semelhanças com os seus homólogos do
ramo do que com outros marinheiros e soldados da sua
Força Singular.
A Força Cibernética dos EUA
Proveria Foco
Em contraste com a abordagem atualmente usada
pelo Departamento de Defesa, uma força cibernética
independente pode proporcionar o nível necessário
de concentração nas operações no ciberespaço. Maior
atenção é necessária para construir competência no
ciberespaço por todas as Forças Armadas, e avanços
particulares podem ser antecipados em três áreas: o
desenvolvimento de liderança, a formação de guerreiros
cibernéticos e a atuação dentro do ciberespaço.
Liderança A Força Cibernética dos EUA garantiria
que os comandantes mais antigos do ramo possuíssem
uma experiência profunda nas operações no ciberespaço. Atualmente, os oficiais mais antigos dentro de cada
uma das Forças Singulares são promovidos pelo desempenho no domínio da sua Força (e.g., o Comandante
da Força Aérea é piloto de caça, e o Comandante da
Marinha é oficial de submarino). É apropriado que
esses oficiais tenham experiência no tipo de combate do
seu domínio. Precisam transmitir os desafios associados
com os seus domínios aos formuladores de políticas.
Depois, esses comandantes interpretam a orientação
política e disseminam a verba para a sua Força Singular.
A questão é: quem realiza essa função para o domínio cibernético? O comandante do CYBERCOM,
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