Military Review Edição Brasileira Julho-Setembro 2016 | Page 57
OPERAÇÕES DA ONU
Gráfico 4. Quantidade de missões da ONU com
pessoal uniformizado brasileiro (a cada 5 anos)
Pesquisa e arte: Instituto Igarapé.
Fonte: DPKO (nov.1990, dez.1995, dez.2000, dez.2005, dez.2010 e dez.2015).
da Carta da organização, ou seja, com mandatos que
autorizam o uso da força e em contextos altamente
instáveis.
A política externa brasileira para intervenções
internacionais (que inclui missões de manutenção
da paz e missões de imposição da paz) tem sido
marcada por posições que resistem ao uso da força
por parte da ONU. De maneira bem específica, a
posição brasileira tem sido a de evitar que a ONU
se envolva em missões sob o Capítulo VII: o país
defende, inclusive, a delegação de tais missões para
forças multinacionais ou para organizações regionais
e sub-regionais23.
A posição brasileira contrária ao uso da força
manteve-se intacta mesmo em situações de graves
violações de direitos humanos, como evidenciado
nos discursos do Brasil no Conselho de Segurança
nos casos do Kosovo (1998-1999), Darfur (20042005) e Líbia (2011)24. O país não estava de acordo
com a intervenção militar nesses três casos, embora
tenha sido favorável, anos antes, à intervenção em
Ruanda (1993-1994)25.
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Por um lado, os elementos que subsidiam essa
posição tendem a enaltecer a soberania, a prevenção
de conflitos e a resolução pacífica de controvérsias.
Por outro lado, tal posição também se justifica pelas
tentativas do Brasil de controlar eventuais abusos por
parte dos tomadores de decisão do CSNU, em busca
de soluções mais responsáveis.
No que se refere especificamente às operações de
paz, a posição brasileira também privilegia a soberania
e a não intervenção, nesse caso traduzidas pelos três
princípios básicos do peacekeeping: imparcialidade,
consentimento e não uso da força, a não ser para autodefesa ou em cumprimento do mandato.
Tal posição tornou-se um pouco mais flexível no
início dos anos 2000 – década altamente significativa
para os debates sobre o tema no Brasil, tanto por causa
da evolução no discurso da diplomacia brasileira, mas
principalmente por causa de uma nova prática militar
no terreno. Ambos os aspectos ainda se encontram em
consolidação e serão analisados a seguir.
Em 2004, o discurso diplomático brasileiro passou a
incluir elementos de proteção de civis (PoC) no âmbito
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