Military Review Edição Brasileira Julho-Setembro 2016 | Page 55
OPERAÇÕES DA ONU
Os dados evidenciam que,
MINUSTAH
929
2.505
em toda a trajetória do Brasil
2%
Missões em
6%
países lusófonos
nas operações da ONU, somen5.804
UNIFIL
te três eixos receberam o apoio
14%
Outras missões
significativo de tropas brasileiras,
32.904
manifestados pelos desdobra78%
mentos, em ordem cronológica,
na UNAVEM III17 (1995-1997),
Pesquisa e arte: Instituto Igarapé.
Fonte: Exército Brasileiro (2015), DPKO
MINUSTAH (2004-presente) e
(1990 a 2015) e Fontoura (2005).
UNIFIL (2011-presente)18. Em
Gráfico 2. Distribuição dos brasileiros nas missões
segundo patamar, em termos de
da ONU (nov./1990-dez./2015) (total: 42.142
quantidade de tropas, encontram-se
militares e policiais)
mais três missões, todas no Timor
Leste: INTERFET, UNMISET e
UNTAET19. Todas as demais missões da ONU receconfere ao multilateralismo. Este aspecto teve início
beram brasileiros por meio de desdobramentos indina década de 1940, ganhou força novamente nos
viduais. Trata-se, portanto, de um padrão de comporanos 1990 e teve projeção ainda maior a partir dos
tamento em que só há desdobramento de tropas (de
anos 2000. Nos últimos 20 anos, a participação do
pelotões a batalhões) em missões de interesse específico. Brasil não só se tornou mais diversificada, como
Cabe ainda destacar que a MINUSTAH e a UNIFIL, também ganhou maior complexidade logística e
que são os mais recentes engajamentos com tropas
operacional.
brasileiras, também contam com oficiais generais brasiO Gráfico 1 demonstrou que o Brasil participa
leiros em posições de destaque, como Force Commander
de várias missões ao mesmo tempo e em países ou
(MINUSTAH, desde 2004) e como comandante da
regiões que não necessariamente são relevantes para
Força-Tarefa Marítima (UNIFIL, desde 2011)20.
os interesses específicos brasileiros. É a disposição
Outra maneira de visualizar o impacto dos três eido Brasil de participar de missões que atendam ao
xos prioritários é por meio do Gráfico 3, a seguir. Trata- interesse geral da comunidade internacional, deterse de uma linha do tempo que ilustra toda a participaminado pelo Conselho de Segurança. Esse argumento
ção do Brasil em missões de paz da ONU entre 1990 e
também pode ser bem visualizado no Gráfico 4, a se2015. Os destaques visuais são atribuídos à UNAVEM
guir, que indica a participação do Brasil nos últimos
III (1995-1997), MINUSTAH (2004-presente, com
25 anos, com “retratos” tirados a cada cinco anos.
dois batalhões entre 2010 e 2012, no imediato pós-terPara a análise comparada, tomam-se como
remoto) e UNIFIL (2011-presente).
exemplos os anos 2000 e 2015. Em 2000, o Brasil
O Gráfico 3 também traz indício de que a política
manteve militares e policiais em apenas três misexterna para missões de paz tem elementos de política
sões de paz da ONU: Guatemala (MINUGUA),
de Estado, e não só de governo, uma vez que o desdoTimor Leste (UNTAET) e ex-Iugoslávia (UNMOP).
bramento com tropas passou por três administrações
Dessas, as duas primeiras foram desdobradas em
diferentes: Presidente Fernando Henrique Cardoso
locais de interesse específico para a política externa
(UNAVEM III), Presidente Lula (MINUSTAH) e
brasileira. Já em dezembro de 2015, havia profissioPresidente Dilma Rousseff (UNIFIL).
nais uniformizados brasileiros em 9 missões de paz
da ONU: Chipre (UNFICYP), Costa do Marfim
“Interesses gerais: número de
(UNOCI), Haiti (MINUSTAH), Líbano (UNIFIL),
missões com a participação do
Libéria (UNMIL), República Centro-Africana
Brasil”.
(MINUSCA), Saara Ocidental (MINURSO), Sudão
A análise quantitativa da trajetória do Brasil
(UNISFA) e Sudão do Sul (UNMISS)21. Das 9 misnas missões da ONU revela um dado importante,
sões atuais, apenas duas (MINUSTAH e UNIFIL)
que pode ser interpretado como o valor que o país
parecem ter sido motivadas principalmente por
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