Military Review Edição Brasileira Julho-Setembro 2016 | Page 54

Gráfico 1 . Militares e policiais brasileiros em missões de manutenção da paz da ONU ( 1947-2015 )
Pesquisa e arte : Instituto Igarapé . Fontes : Exército Brasileiro ( 2015 ), DPKO ( 1990 a 2015 ) e Fontoura ( 2005 ). Nota : As linhas na vertical indicam o mês / ano de início da participação brasileira , que geralmente coincide com o início da missão . Só foram contabilizadas as missões coordenadas pelo DPKO – ficaram de fora UNIOGBIS ( Guiné Bissau ), UNMIN ( Nepal ) e UNOWA ( Senegal ), além da INTERFET ( Timor Leste ).
a partir do final dos anos 1990 . Pelo tamanho dos círculos , que são proporcionais ao tamanho dos contingentes brasileiros , também é possível verificar que apenas algumas missões receberam altos números de brasileiros . Esses dois aspectos foram interpretados como motivados por interesses gerais e interesses específicos , respectivamente , e serão analisados a seguir .
Interesses específicos : número de brasileiros no terreno
Os interesses específicos estão presentes em qualquer política externa , de maneira a promover – ou no mínimo proteger – valores , princípios e conceitos relevantes para o núcleo-duro do interesse nacional . No caso do Brasil , ao analisar a quantidade de militares e policiais que o país envia para o terreno , verifica-se que o cerne do interesse nacional gira em torno de três eixos prioritários : ( 1 ) Haiti ; ( 2 ) países lusófonos ( Angola , Moçambique e Timor Leste e , em menor escala , Guiné Bissau ); e ( 3 ) Líbano .
Isso fica evidente na análise quantitativa : entre 1947 e 2015 , o Brasil desdobrou 48.689 militares e policiais em 47 missões da ONU14 . Desses , 42.142 ( 87 %) foram desdobrados nos últimos 25 anos , dos quais 32.904 ( 78 %) passaram pela missão da ONU no Haiti ( MINUSTAH ), 5.804 ( 14 %) participaram de missões em países lusófonos15 e 2.505 ( 6 %) estiveram na missão da ONU no Líbano ( UNIFIL ) 16 . Os 2 % restantes ( 929 profissionais ) participaram de 26 operações , ao longo de 25 anos , o que evidencia o baixo número de brasileiros enviados para missões não prioritárias , ou seja , missões que não sejam de interesse específico , o que será explorado no próximo item . O Gráfico 2 ilustra essa proporção .
52 Julho-Setembro 2016
MILITARY REVIEW