Military Review Edição Brasileira Julho-Setembro 2016 | Page 39
DESAFIOS DO AFRICOM
esses fluxos potencialmente desestabilizadores pelos
países africanos. Os cruzadores podem desembarcar
forças terrestres para apoiar a segurança local ou missões militares limitadas.
Ao empregar cruzadores auxiliares modularizados com módulos de helicóptero e de abordagem, o
AFRICOM pode trabalhar com outros comandos para
ajudar a monitorar e interditar os fluxos de narcóticos
para a África, provenientes da América do Sul e do
sul da Ásia29. Pode trabalhar, ainda, com o EUCOM
no Mar Mediterrâneo ou com o CENTCOM no Mar
Vermelho e no alto mar perto do Chifre da África,
onde remessas marítimas de armas iranianas foram
despachadas para apoiar as facções rebeldes no Iêmen e
o Hamas, na Faixa de Gaza30.
Uma Missão de Economia de Forças
Bem-Sucedida
Com um litoral extenso, e muitas partes do continente perto de águas internacionais, porém longe de
bases norte-americanas ou aliadas estabelecidas para
projetar o poder terrestre, as plataformas baseadas no
mar são essenciais para que o AFRICOM tenha êxito
em suas missões. Infelizmente, a Marinha não pode, rotineiramente, fornecer os meios navais necessários. Em
um artigo de junho de 2013, Megan Eckstein descreve
os esforços recentes do Corpo de Fuzileiros Navais para
aumentar a frota de navios anfíbios, empregando “plataformas não tradicionais” e embarcações de marinhas
estrangeiras31. O CFN reconhece que até com os MV22, as suas unidades baseadas na Espanha têm um raio
de ação relativamente curto na África, sem a capacidade de desdobrar por meio do mar.
Como o African Queen, o pequeno navio a vapor
fictício de Humphrey Bogart no filme Uma Aventura
na África, de 1951, que foi modificado para realizar
uma missão militar na África Oriental durante a
Primeira Guerra Mundial, as plataformas baseadas no
mar que desdobram poder de combate não precisam
ser embarcações custosas. O Comandante do
Comando do Sul dos EUA, o Gen Ex do CFN John F.
Kelly, declarou que as necessidades navais para a
interdição de drogas na sua área de responsabilidade
podem ser proporcionadas por meios simples: “Então
como eu disse, eu não preciso de uma belonave. Preciso
de um navio, algo que flutue, com um helicóptero”32.
Um cruzador auxiliar modularizado pode prover isso,
e muito mais. O African Queen do Século XXI não
precisa ser reluzente ou elegante para realizar as
variadas missões que o AFRICOM precisa conduzir.
Os cruzadores auxiliares modularizados podem prover
as plataformas para lidar com as tiranias de distância e
de orçamentos que desafiam a nossa capacidade de
moldar o ambiente de segurança na África.
Brian J. Dunn é bacharel em Ciências Políticas e História pela University of Michigan e mestre em História
pela Eastern Michigan University. Aposentou-se do seu trabalho como analista de pesquisa apartidário para a
Legislatura do Estado de Michigan, e serviu na Guarda Nacional do Exército do Estado de Michigan por seis
anos. Publicou nas revistas Army, Joint Force Quarterly, Military Review e em outras publicações, e escreve sobre
a defesa e assuntos de segurança nacional para seu jornal on-line, The Dignified Rant.
Referências
1. James Stavridis, “Incoming: Floating Bases Are an Old Idea
Whose Time May Have Come Again,” revista on-line Signal (AFCEA [Armed Forces Communications and Electronics Association]
International), 1 Jun. 2015, acesso em 1 mar. 2016, http://www.
afcea.org/content/?q=Article-incoming-floating-bases-are-old-idea-whose-time-may-have-come-again.
2. United States Africa Command (USAFRICOM), “AFRICOM Command Brief,” (apresentação de slides, 22 out. 2014),
p. 5, acesso 1 mar. 2016, http://www.africom.mil/newsroom/
document/23774/africom-command-brief-2014.
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3. Milady Ortiz, U.S. Africa Command: A New Way of Thinking,
National Security Watch report no. 08-1 (Arlington, VA: Association of the United States Army, Institute of Land Warfare, 13 Mar.
2008), p. 1.
4. Isaac Kfir, “The Challenge That Is USAFRICOM,” Joint Force
Quarterly 49 (October 2008): p. 111.
5. Kofi Nsia-Pepra, “Militarization of U.S. Foreign Policy
in Africa: Strategic Gain or Backlash?” Military Review ( January-February 2014): p. 51, acesso em 1 mar. 2016, http://
usacac.army.mil/CAC2/MilitaryReview/Archives/English/
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