Military Review Edição Brasileira Julho-Setembro 2016 | Page 13

GUERRA DE NOVA GERAÇÃO
( Imagem cedida por Musa Sadulayev , Associated Press )
Uma coluna de viaturas blindadas russas se movimenta em direção à capital da Ossétia do Sul , Tskhinvali , agosto de 2008 . A Ossétia do Sul tem uma grande população de russos e , em 1990 , declarou sua independência da Geórgia . As forças russas invadiram a Ossétia do Sul em apoio aos separatistas pró-Rússia , após as forças georgianas tentarem recuperar o controle do território .
“ A Rússia , da mesma forma que outros países no mundo , conta com regiões onde tem seus interesses privilegiados ” 14 . Berzins observa que a Rússia aprendeu com as operações de manutenção da paz lideradas pelo Ocidente nos Bálcãs . Cinicamente , os dirigentes russos usam as normas internacionais sobre autodeterminação e a alegação de responsabilidade por proteger russos étnicos para justificar sua violação da soberania nacional de seus vizinhos .
Modos Operacionais
Segundo Berzins , a guerra de nova geração russa favorece uma abordagem indireta de influência , em vez de uma influência direta de confronto físico . “ A guerra de nova geração passa da busca de destruição de meios físicos de um inimigo para uma guerra psicológica voltada a obter o declínio do moral interno ” 15 . Berzins demonstrou o êxito da abordagem indireta russa na Crimeia , afirmando que “ em apenas três semanas e sem que um tiro fosse disparado , o moral das Forças Armadas ucranianas foi destruído e todas as suas 190 bases se renderam ” 16 . Como indicou Glenn Curtis em seu trabalho de 1989 , “ An Overview of Psychological Operations ” (“ Uma Visão Geral das Operações Psicológicas ”, em tradução livre ), visar o moral de um adversário não é algo novo para as Forças Armadas Russas . O objetivo central das operações psicológicas é coerente : “ Se a atitude de um adversário puder ser influenciada favoravelmente , sua resistência física diminuirá ” 17 . Afirma que as operações psicológicas soviéticas “ não foram inventadas pelos bolcheviques em 1917 ; foram empregadas esporadicamente durante séculos pelos czares russos nas relações internas e externas ” 18 .
Embora as operações psicológicas ocupem um lugar consagrado na tradição militar russa , seu papel central contra o Ocidente recebeu especial ênfase durante a Guerra Fria . Foram empregadas por Moscou para influenciar atividades na esfera política interna ocidental e efeitos no “ Terceiro Mundo ”. A desinformação , as medidas ativas ( influenciar um adversário por meio de terceiros aparentemente não relacionados ) e a propaganda representavam as linhas de frente
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