Military Review Edição Brasileira Julho-Setembro 2016 | Page 11
GUERRA DE NOVA GERAÇÃO
(Imagem cedida pela Wikimedia)
Ponte Viva: Cena da Guerra Russo-Persa (1892), óleo sobre tela, de Franz Roubaud. Essa pintura ilustra um acontecimento nas proximidades do Rio Askerna, onde os russos conseguiram repelir os ataques de um superior exército persa durante duas semanas. Criaram uma
“ponte viva” de modo que dois canhões pudessem ser transportados sobre seus corpos.
para áreas onde perceba ameaças ou instabilidade.
Alguns renomados especialistas russos observam que a
mentalidade russa é a de que “a melhor defesa é um bom
ataque”. George Kennan, vice-chefe da missão norte-americana na União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
em 1947 e autor de “Sources of Soviet Conduct”
(“Fontes da Conduta Soviética”, em tradução livre),
observa que sentimentos russos de insegurança e inferioridade são a causa de suas tendências expansionistas5.
Por sua vez, Timothy Thomas, ex-oficial especialista em
assuntos da União Soviética e analista sênior no Setor de
Estudos Militares Estrangeiros, no Forte Leavenworth,
sustenta que, após anos de depressão, a Rússia anseia por
se restabelecer no mundo da geopolítica6.
MILITARY REVIEW Julho-Setembro 2016
Os fins estratégicos russos parecem incluir obter
a segurança por meio do domínio da ordem internacional. A política expansionista russa no documento
“Conceito Militar Russo: 2010” afirma que a dissuasão
e prevenção de conflitos consistem na capacidade da
Rússia para “ampliar o círculo de Estados parceiros e
desenvolver a cooperação com eles” e que incorporar,
fisicamente, territórios vizinhos na Federação Russa
propriamente dita (ex.: Tchetchênia) ou como Estados
vassalos (ex.: Ossétia do Sul, Abkházia e Donbass) é
o melhor caminho para a segurança7. O Secretário
de Estado dos EUA, John Kerry, incrédulo diante da
intervenção da Rússia na Ucrânia, em 2014, comentou: “Não se pode, em pleno século XXI, portar-se à
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