MegaZine 2 - Fevereiro 2016 | Page 36

“Eu não interpreto vilões, eu interpreto pessoas muito interessantes.” Alan Rickman tinha um talento extraordinário – uma voz inconfundível. Ele desarmou Bruce Willis em Die Hard, interpretando Hans Gruber, deslumbrou Kate Winslet em Sensibilidade e Bom Senso e desdenhava de Daniel Radcliffe em Harry Potter. A sonoridade da sua voz moveu audiências e fez de Rickman um dos mais respeitados atores da sua geração. A 14 de Janeiro de 2016 foi vencido pelo cancro e a única coisa que nos resta sentir é uma profunda tristeza. Tinha 69 anos. Rickman nasceu a 21 de fevereiro de 1946 em Londres. Foi o segundo de quatro crianças. Os seus pais eram simples e trabalhadores e apesar de assumir a sua infância como empobrecida considera-a bastante feliz. O seu pai acaba por morrer quando Alan tinha 8 anos, de cancro de pulmão, deixando a mãe sozinha com as quatro crianças. Desde cedo que Rickman mostrou tendências para as artes, nomeadamente pintura. O seu primeiro contacto com o teatro foi quando ganhou uma bolsa para estudar em Latymer Upper. Não obstante, seguiu artes gráficas e chegou, após concluir os estudos, a abrir uma empresa de design gráfico, de nome Graphiti, com alguns amigos. Foi durante este período que conheceu o amor da sua vida, Rima Horton, enquanto fazia parte do clube amador de teatro. Os anos passavam e aos 26, Rickman percebeu que se queria enveredar pela carreia de actor não poderia esperar muito tempo. Concorreu à Royal Academy of Dramatic Arts (RADA) onde estudou representação por três anos. Após este período apareceu em várias novelas aqui e ali. Foi apenas em 1985, no seu papel de Le Vicomte de Valmont em Les Liaisons Dangereuses, que lhe valeu um Tony Award, foi aqui que foi visto pelos produtores de Die Hard, que pensaram que ele seria perfeito para interpretar Hans Gruber. Após o primeiro sucesso, Alan apareceu em Close My Eyes, Truly, Madly, Deeply e Robin dos Bosques como o inesquecível Sheriff de Nottingham, Sensibilidade e Bom Senso e o papel que lhe valeu um Globo de Ouro e um Emmy, Rasputine, em 1996. Foi J. K. Rowling quem quis que o papel de Snape fosse exclusivamente para Rickman, e foi ela também quem o ajudou a preparar para a personagem. Após ser Snape, Rickman interpretou várias personagens, entre as quais Ronald Reagan em Lee Daniels’s the Butler e Karl Hoffmeister em A Promessa, colaborou com Tim Burton em Sweeney Todd. Estreou-se como realizador em The Winter Guest, protagonizado pela Emma Thompson em 1997 e o segundo foi realizado em 2015, com Kate Winslet, Stanley Tucci e o próprio Rickman, de nome A Little Caos. Rickman pode contar com uma legião de fãs do Snape e com o carinho e saudade de todos os seus colegas. Os fãs de Harry Potter foram os primeiros a demonstrar a revolta pela sua morte nas redes sociais. Os colegas também o fizeram, Rowling escreveu no seu twitter: “Não há palavras para expressar o quanto estou chocada e devastada por saber da morte do Alan Rickman, ele era um actor magnífico e um homem maravilhoso”. Daniel Radcliffe escreveu também: “Alan Rickman é sem dúvida um dos maiores actores com quem já trabalhei e irei trabalhar. Ele é também um dos mais leais e compreensivo.” Até Sempre Maria Peres