“Eu não interpreto vilões, eu
interpreto pessoas muito interessantes.”
Alan Rickman tinha um talento extraordinário –
uma voz inconfundível. Ele desarmou Bruce Willis em
Die Hard, interpretando Hans Gruber, deslumbrou
Kate Winslet em Sensibilidade e Bom Senso e
desdenhava de Daniel Radcliffe em Harry Potter. A
sonoridade da sua voz moveu audiências e fez de
Rickman um dos mais respeitados atores da sua
geração. A 14 de Janeiro de 2016 foi vencido pelo
cancro e a única coisa que nos resta sentir é uma
profunda tristeza. Tinha 69 anos.
Rickman nasceu a 21 de fevereiro de 1946 em
Londres. Foi o segundo de quatro crianças. Os seus
pais eram simples e trabalhadores e apesar de
assumir a sua infância como empobrecida considera-a
bastante feliz. O seu pai acaba por morrer quando
Alan tinha 8 anos, de cancro de pulmão, deixando a
mãe sozinha com as quatro crianças.
Desde cedo que Rickman mostrou tendências
para as artes, nomeadamente pintura. O seu
primeiro contacto com o teatro foi quando ganhou
uma bolsa para estudar em Latymer Upper. Não
obstante, seguiu artes gráficas e chegou, após
concluir os estudos, a abrir uma empresa de design
gráfico, de nome Graphiti, com alguns amigos. Foi
durante este período que conheceu o amor da sua
vida, Rima Horton, enquanto fazia parte do clube
amador de teatro.
Os anos passavam e aos 26, Rickman percebeu
que se queria enveredar pela carreia de actor não
poderia esperar muito tempo. Concorreu à Royal
Academy of Dramatic Arts (RADA) onde estudou
representação por três anos. Após este período
apareceu em várias novelas aqui e ali. Foi apenas
em 1985, no seu papel de Le Vicomte de Valmont
em Les Liaisons Dangereuses, que lhe valeu um
Tony Award, foi aqui que foi visto pelos
produtores de Die Hard, que
pensaram que ele seria perfeito
para interpretar Hans Gruber.
Após o primeiro sucesso, Alan apareceu em Close
My Eyes, Truly, Madly, Deeply e Robin dos Bosques
como o inesquecível Sheriff de Nottingham,
Sensibilidade e Bom Senso e o papel que lhe valeu
um Globo de Ouro e um Emmy, Rasputine, em 1996.
Foi J. K. Rowling quem quis que o papel de Snape
fosse exclusivamente para Rickman, e foi ela também
quem o ajudou a preparar para a personagem.
Após ser Snape, Rickman interpretou várias
personagens, entre as quais Ronald Reagan em Lee
Daniels’s the Butler e Karl Hoffmeister em A
Promessa, colaborou com Tim Burton em Sweeney
Todd. Estreou-se como realizador em The Winter
Guest, protagonizado pela Emma Thompson em
1997 e o segundo foi realizado em 2015, com Kate
Winslet, Stanley Tucci e o próprio Rickman, de nome
A Little Caos.
Rickman pode contar com uma legião de fãs do
Snape e com o carinho e saudade de todos os seus
colegas. Os fãs de Harry Potter foram os primeiros a
demonstrar a revolta pela sua morte nas redes
sociais. Os colegas também o fizeram, Rowling
escreveu no seu twitter: “Não há palavras para
expressar o quanto estou chocada e devastada por
saber da morte do Alan Rickman, ele era um actor
magnífico e um homem maravilhoso”. Daniel
Radcliffe escreveu também: “Alan Rickman é sem
dúvida um dos maiores actores com quem já
trabalhei e irei trabalhar. Ele é também um dos mais
leais e compreensivo.”
Até Sempre
Maria Peres